Qual é a atitude basilar para uma vida plena e abundante?
Minha alma tem sede de ti; todo o meu corpo anseia por ti nesta terra seca, exausta e sem água.” (Salmos 63:1)
Tudo o que fazemos na vida tem exigências, mas não gostamos de fazer sacrifícios, gostamos de tudo muito feito, prático e mágico, de tudo muito no "toquei, aconteceu". Tudo aquilo que, de fato, é bom, é autêntico, só com exigências que podemos seguir.
Não se deixe levar pelas propagandas das facilidades, é engano e ilusão. Tudo o que na vida tem valor só se adquire com muita renúncia, clareza de propósito e vida no Espírito.
1. Carregar a cruz - Evangelho Mateus 16:21-27
– Jesus previne os discípulos sobre o seu caminho para Jerusalém e o que por lá vai acontecer: é o primeiro anúncio da paixão, morte e ressurreição… Face à incompreensão dos discípulos, Jesus fala-lhes da necessidade de carregar a cruz para o seguir…
– Numa sociedade que promove a cultura da satisfação pessoal, quando aparece a dor, ninguém sabe o que há de fazer e fica logo tudo desnorteado… Quem é que é capaz de integrar o sofrimento a partir da fé em Jesus Cristo?…
– A aspiração dos discípulos é a afirmação de um messianismo de poder e glória… Por isso, a cruz paralisa-os… O Evangelho retomará isso, depois da ressurreição, quando Jesus recorda aos discípulos desiludidos: “Era necessário que o Messias sofresse…” E a decepção dos discípulos de Emaús confirma as dificuldades: “Nós esperávamos que fosse Ele a libertar Israel!…” Mas, esperar o quê? Que sinais é que Jesus tinha dado? Como eles, também nós andamos, por vezes, muito enganados!…
2. Salvar a vida…
“De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?”
– A reação de Pedro às palavras de Jesus é a reação do homem comum, daquele que se conforma com o ‘normal’… Só que, tantas vezes, este chamado ‘normal’ prega-nos partidas e lá se vão os nossos projetos escolhidos nos critérios humanos e não nos de Deus… É preciso assumir a vida como Jeremias 20:7-9: foi agarrado pela Palavra e, ainda que isso lhe trouxesse muitos dissabores na relação com os outros, não podia desistir…
– Quando Jesus convida a ‘carregar a cruz e a segui-Lo’ não é só a suposta cruz de cada um mas também a dos outros porque seguir Cristo é partilhar a condição de vida da humanidade (lá está, mais uma vez, Jeremias)… Ninguém pode salvar a sua vida pensando só em si… Perde-se para a salvar ao serviço dos outros…
– Seguir Jesus é morrer para viver, amar dando a vida… Não é preciso chegar ao chamado ‘martírio’… É viver o quotidiano de um modo perseverante, é estar atento às necessidades do dia-a-dia, é o serviço gratuito e o perdão a quem nos ofende…
– As palavras de Jesus sobre “o salvar a vida e perdê-la, perder a vida para a encontrar” mexem conosco e põem o dedo na ferida dos nossos critérios de felicidade e realização pessoal…
- É preciso negar-se a si mesmo para dar mais atenção aos outros…
- Renunciar às riquezas e conformar-se com o necessário…
- Recusar a comodidade e assumir o esforço que conduz à mudança…
- Relativizar o que nos dizem que é importante e propor a simplicidade…
- Ultrapassar o comum (‘normal’) para pôr em marcha o que parece impossível.
2a Leitura: Rm 12:1,2
“Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.”
Renúncia não é fuga, é renunciar a vontade própria para abraçar, a cada dia, as obrigações que são próprias da vida. Abraçar os limites, as dificuldades, a família que temos e as situações em que nos encontramos. E vamos ser felizes seguindo o Mestre Jesus!
Deus deu-nos capacidades para fazer mais do que aquilo que pensamos, muito mais para podermos contrapor a esta sociedade consumista e inimiga do sacrifício que faz da publicidade de uma vida fácil e cômoda a sua principal bandeira.
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