Como transformar emoções em força para uma vida saudável
Do caos interior à paz de Deus - um caminho de transformação
Introdução
Vivemos em uma sociedade marcada pelo excesso: consumo desenfreado, entretenimento constante, informação ininterrupta. A promessa de satisfação imediata produz apenas tédio, vazio e frustração, abrindo espaço para uma raiva difusa e descontrolada. Essa mistura torna as relações humanas cada vez mais frágeis, violentas e egocêntricas. Nesse cenário, não sabemos mais lidar com nossas próprias paixões: ou as reprimimos de forma doentia, ou as deixamos explodir em formas destrutivas.
É justamente aqui que os conselhos de Evágrio Pôntico (345–399), monge e mestre espiritual dos Padres do Deserto, revelam toda a sua atualidade. No livro O céu começa em você, encontramos uma sabedoria que vai na contramão da lógica contemporânea: em vez de reprimir ou idolatrar os instintos, é preciso educá-los e purificá-los. Evágrio mostra que as paixões não são inimigas em si, mas forças interiores que, se disciplinadas, podem ser transformadas em energias espirituais a serviço de Deus.
Ao refletir sobre a cólera, a tristeza e, sobretudo, a acídia – essa mistura de preguiça, tédio e apatia que hoje se traduz em horas de distração nas telas ou na incapacidade de contemplar – Evágrio nos oferece um caminho concreto de combate: oração, disciplina e discernimento interior. Sua pedagogia espiritual ensina que não somos responsáveis pelos pensamentos que surgem em nós, mas pela maneira como lidamos com eles.
Assim, em meio ao barulho e à dispersão da cultura atual, a mensagem de Evágrio é clara: o céu começa quando tratamos adequadamente as nossas paixões, redirecionando-as para Deus. O desafio não é apenas moral, mas também psicológico e espiritual: aprender a integrar nossas emoções para que não nos escravizem, mas nos conduzam à liberdade interior, onde o Espírito Santo pode habitar.
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Evágrio do Ponto (345–399) foi um monge, asceta e teólogo do deserto, discípulo de São Basílio Magno e de Gregório de Nazianzo. Nasceu em Ibora, na região do Ponto (atual Turquia). Após uma vida eclesiástica promissora em Constantinopla, renunciou ao mundo e se retirou para a vida monástica no Egito, onde viveu entre os Padres do Deserto. Ficou conhecido como um dos primeiros grandes mestres da vida espiritual, influenciando profundamente a tradição monástica oriental e, indiretamente, o Ocidente (via João Cassiano e São Bento).
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Principais conselhos de Evágrio no livro:
A batalha interior
• Evágrio ensina que os maiores inimigos do cristão não estão fora, mas dentro: são os oito pensamentos (logismoi) — gula, luxúria, avareza, tristeza, ira, acídia (tédio espiritual), vanglória e orgulho.
Esses pensamentos são como sementes do pecado, e a vigilância da mente é essencial.
A oração pura
• A meta do monge é a oração sem distração, que leva ao conhecimento direto de Deus. Evágrio define: “Se és teólogo, rezas verdadeiramente; e se rezas verdadeiramente, és teólogo.”
A paz interior
• O “céu” não é apenas futuro, mas começa no coração que se purifica e encontra paz em Deus. O verdadeiro discípulo é aquele que, tendo vencido as paixões, habita no “céu interior”.
Simplicidade de vida
• O desapego de bens, vaidades e distrações do mundo abre espaço para a contemplação.
A alma simples é a mais próxima de Deus.
Discernimento espiritual
• Evágrio ensina que o cristão deve discernir entre pensamentos que vêm de Deus, do inimigo ou de si mesmo.
Esse discernimento é chave para a liberdade interior.
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Legado espiritual
Os conselhos de Evágrio ecoam até hoje porque ele nos recorda que:
•O combate espiritual acontece na mente e no coração.
•O céu não é apenas um lugar futuro, mas um estado de comunhão com Deus que pode começar já nesta vida.
•A oração e o silêncio interior são caminhos para essa antecipação do Reino.
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👉 Evágrio continua atual: ele nos ensina a vigiar os pensamentos, buscar a oração pura e encontrar em Cristo a paz interior que inaugura já aqui o céu eterno.
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Defende que há três instintos básicos - o comer, a sexualidade e a cobiça- são transformados por meio da ascese, do jejum e do serviço com generosidade.
Ensina que a disciplina torna-se um ótimo caminho para não se reprimir os instintos, mas formá-los para que possam estar à nossa disposição como forças em potencial. Superamos a tristeza quando nos afastamos da dependência do mundo, quando nos desprendemos daquilo a que estamos presos, quando nos libertamos interiormente.
A maior parte dos conselhos de Evágrio gira em torno do lidar com a cólera. Uma vez que a cólera contagiou o inconsciente, a pessoa perde todo o controle sobre si. E não há nada que torne o homem mais apto a abandonar sua luta do que quando ele é incapaz de controlar suas emoções.
Refletir novamente sobre sua cólera, à noitinha, e colocá-la diante de Deus pela oração não é, pois, em primeiro lugar, um desafio moral, mas antes um desafio psicológico que auxilia na saúde do corpo e do espírito.
Depois de um dia extenuante, estressante, desafiador, ao chegar em casa - mesmo após um banho, jantar e comunhão com a família - não há nenhuma vontade de meditar ou ler. Em vez disso, se encobre a frustração com comida, bebida e televisão/redes sociais. É então que os sentimentos não elaborados se estabelecem, penetram no inconsciente e no dia seguinte se manifestam como descontentamento difuso e um vazio.
A raiva é, em geral, uma força importante para nos libertarmos de recordações negativas e afastarmos de nós as pessoas que nos feriram. Enquanto nos fixamos em torno da ferida, damos poder sobre nós aos que nos feriram. Não são poucas as pessoas que amiúde ficam a revolver suas próprias feridas. E é neste momento que a raiva se torna uma força muito importante. Quando posso sentir raiva contra quem me feriu, posso distanciar-me e ser capaz de separar os meus próprios problemas dos problemas dos outros. A raiva é o primeiro passo para a libertação e a cura.
A raiva é a força que permite distanciar-se da experiência traumatizante e afastar de si a pessoa que causou a ferida, a fim de tornar-se livre para que o espírito salvador de Deus penetre novamente.
Excelente questão! Você tocou em um ponto muito fino da psicologia espiritual de Evágrio Pôntico. Vou explicar em duas partes:
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1. A raiva como força espiritual em Evágrio
Normalmente pensamos na raiva apenas como um vício, mas para Evágrio (seguindo os Padres do Deserto) ela é uma força da alma (thymos) que pode ser bem ou mal direcionada.
• Uso negativo da raiva: quando se volta contra pessoas, gera ressentimento, ódio e destruição.
• Uso positivo da raiva: quando se volta contra os vícios, contra os pensamentos maus (logismoi), contra o demônio que semeia tentações.
👉 Nesse sentido, quando uma pessoa sofre uma ferida ou experiência traumatizante, Evágrio sugere que a raiva pode ser redirecionada:
• não contra o agressor em si (para não cair no rancor),
• mas contra a própria força destrutiva do mal que tentou aprisionar a alma.
Assim, a raiva cria uma distância psicológica: ela separa o sujeito da experiência dolorosa e o liberta de ficar preso ao agressor. Essa libertação interior abre espaço para que a graça de Deus cure a ferida e preencha o coração.
Ou seja, a raiva é vista como energia vital de separação: afasta-nos daquilo que nos escraviza e nos devolve à liberdade onde o Espírito Santo pode agir.
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2. A relação entre raiva e acídia
A acídia (ou tristitia, “preguiça espiritual”) é, para Evágrio, um dos vícios mais perigosos:
• é um estado de torpor interior, de fuga da oração e da fidelidade aos deveres espirituais,
• uma mistura de tristeza, tédio, desânimo e indiferença que paralisa a alma.
Evágrio dá três conselhos contra a acídia (resumindo a partir de seus escritos):
Perseverança no lugar (stability): não fugir, permanecer firme no chamado.
Oração contínua: manter o coração voltado a Deus, mesmo no vazio.
Trabalho manual e disciplina: não deixar a mente ociosa, mas ocupar-se com simplicidade.
Quando sou capaz de suportar minha inquietação interior e a observo com mais atenção, é possível descobrir o que nela se agita. Experimento, então, que ela tem seu sentido. A inquietação gostaria de libertar-me da ilusão de que eu poderia melhorar-me a mim mesmo por meio da disciplina e que poderia assumir-me a mim mesmo. A inquietação acena para minha fraqueza. Quando eu me reconcilio com ela, ela purifica a alma e dá nova clareza interior.
Quanto a oração ele ensina: “Quando a acídia nos tenta é bom que, entre lágrimas, dividamos nossa alma em duas partes iguais: uma que anima e outra que é animada. Nós semeamos sementes de uma esperança inabalável em nós quando cantamos com o rei Davi: Ó minha alma, por que estás aflita e tão inquieta dentro de mim? Espera em Deus, pois eu ainda haverei de agradecer-lhe, meu Deus e Salvador, a quem eu contemplo!’’ (Sl 42,6) (EVÁGRIO. TratPrat 27).
Quanto ao terceiro conselho, Trabalho manual e disciplina, ele associa raiva a acídia porque a acídia é um inimigo insidioso: ela seduz a alma com distrações e desânimo.
Evágrio ensina que, para vencê-la, a pessoa precisa mobilizar a energia da raiva contra ela, transformando o “fogo” da ira em combate espiritual. A raiva, quando bem dirigida, dá ímpeto e vigorpara não se render à apatia.
👉 Em outras palavras, a acídia paralisa; a raiva, canalizada corretamente, reacende a alma e a faz resistir.
Portanto, Evágrio associa as duas porque a mesma energia que destrói quando mal usada (raiva)pode tornar-se a força que liberta da paralisia espiritual (acídia).
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Evágrio não vê a raiva como algo a ser eliminado, mas como uma energia moral a ser purificada. Quando usada contra os vícios, ela ajuda a alma a não ceder ao trauma, ao rancor nem à acídia. É uma pedagogia espiritual: transformar paixões em virtudes, redirecionando a energia interior para Deus.
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A ação aqui recomendado por Evágrio é o método antirrético. Ajuda não só no caso da acídia, mas em toda e qualquer situação.
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O que significa “antirrético”?
O termo antirrético vem do grego antirrhesis (ἀντίρρησις), que significa “responder contra” ou “resistir com palavras”.
O método consiste em responder às tentações e pensamentos malignos (logismoi) com versículos bíblicos apropriados, de modo semelhante ao que Cristo fez no deserto diante de Satanás (cf. Mt 4,1-11; Lc 4,1-13).
Assim, a Escritura torna-se espada do Espírito (Ef 6,17) para cortar as ciladas do inimigo.
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Oito vícios principais segundo Evágrio
Evágrio identifica oito logismoi (pensamentos/passões) que se erguem contra a alma:
1. Gula (gastrimargía)
2. Luxúria (porneía)
3. Avareza (philargyría)
4. Tristeza (lýpē)
5. Ira (orgḗ)
6. Acídia (akēdía) – espécie de preguiça espiritual ou tédio.
7. Vaidade (kenodoxía)
8. Orgulho (hýphanos / hyperephanía)
Para cada um deles, Evágrio recolheu passagens bíblicas que o monge deveria memorizar, meditar e proclamar em voz alta no momento da tentação.
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O método em prática
O processo antirrético tem quatro passos principais:
1. Discernimento dos pensamentos (logismoi): identificar com clareza qual paixão ou tentação está surgindo.
2. Nomeação do inimigo: reconhecer que não é apenas um sentimento neutro, mas uma investida espiritual contra a alma.
3. Resposta bíblica: recitar com fé um versículo específico da Escritura que contraponha a tentação.
• Exemplo: diante da tentação da gula, usar Mt 4,4: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.”
• Diante da luxúria, usar Mt 5,8: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.”
4. Fixar o coração em Cristo: a Palavra proclamada não é fórmula mágica, mas ato de fé e união com Cristo, que venceu o Maligno.
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Fundamento bíblico e espiritual
• O método imita Jesus no deserto: toda tentação é vencida com um “Está escrito” (Mt 4,4.7.10).
• Baseia-se na convicção de que a Palavra de Deus é viva, eficaz e penetrante (Hb 4,12).
• Assume a luta espiritual como um combate interior, mas que se trava com armas espirituais (2Cor 10,3-5).
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Influência patrística e monástica
• O Antirrheticon foi muito utilizado no monaquismo oriental e ocidental.
• Cassiano, discípulo de Evágrio, transmitiu esse método para o Ocidente, inspirando São Bento e a tradição monástica beneditina.
• Mais tarde, com Gregório Magno, os oito vícios foram sistematizados como os sete pecados capitais.
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Valor espiritual para hoje
O método antirrético de Evágrio é extremamente atual:
• Mostra que o mal se combate pela raiz dos pensamentos, não apenas nos atos externos.
• Ensina o cristão a ter a Escritura na memória e no coração, como arma de defesa e purificação.
• Ajuda a transformar crises interiores em oportunidade de encontro com a graça.
• Reforça a vigilância e a sobriedade espiritual, unindo ascese e contemplação.
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✅ Em resumo: o método antirrético é uma “arte espiritual do combate”, na qual o cristão vence as tentações não pela própria força, mas pela Palavra de Deus proclamada em fé. É a pedagogia da vigilância e da oração contínua, onde a Escritura se torna alimento e espada contra os vícios.
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Contra a ambição Evágrio indica o remédio da recordação.
Devemos recordar-nos de onde viemos, com quais paixões tivemos que lutar e como não foi mérito nosso que tenhamos vencido, mas, pelo contrário, foi Cristo quem nos amparou em nossas lutas. A recordação haverá de mostrar-nos que não temos garantia alguma de nossa vida ser bem-sucedida, mas que isso é antes fruto da graça divina. Evágrio diz que o demônio da soberba e da ambição sempre de novo haverá de aparecer em nós. E, principalmente, quando já tivermos feito consideráveis avanços dentro da ascese.
O remédio mais eficaz é a contemplação. Quando nos tivermos unido a Deus através da contemplação, não terá mais valor o que as outras pessoas pensam a respeito de nós e não mais nos definiremos a partir do reconhecimento e da aprovação, mas teremos encontrado nosso fundamento em Deus.
Evágrio expôs, o mais sistematicamente possível, como tratar dos nossos pensamentos e sentimentos. Nós não somos responsáveis pelos pensamentos que surgem em nós, mas somente pelo modo como nos comportamos com eles.
Este discernimento entre nós como pessoa e os pensamentos que afluem em nossa direção é que nos dá a possibilidade de tratar adequadamente os pensamentos.
A propósito, não se trata jamais de reprimir os pensamentos, mas de conversar consigo e com Deus. Assim haverá discernimento para escolher qual dos dois caminhos devemos seguir para tratar as paixões.
Um deles é familiarizar-se com elas e deixar que entrem para que possam ser melhor observadas. Pois quando eu estiver familiarizado com minha paixão poderei descobrir a força que ela contém. E é possível que ela me diga que tipo de ansiedade nela reside e para onde mais especificamente gostaria de me conduzir.
O diálogo com a paixão me indica o que em mim não deve viver. Por exemplo, se há uma grande raiva dentro de mim, é porque ela sempre tem um sentido. Não há sentido algum simplesmente em reprimi-la. Talvez ela me faça ver que eu acabei dando demasiado poder aos outros. A raiva poderia então conceder-me força suficiente para lançar para fora de mim os outros na intenção de livrar-me deles.
Assim aprendemos que o sentimento de ódio que toma conta de mim não é mau. Trata-se de um sinal de alarme de que estou concedendo poder demasiado de mim mesmo a um outro.
Se ouço o sinal e ajo de modo correspondente, o sentimento haverá de afastar-se. Se reprimo o sentimento, nunca conseguirei livrar-me do ódio. E então haverá de destruir-me. Portanto, não somos responsáveis pelos pensamentos que surgem em nós, mas pelo tratamento que lhes damos.
Quando percebo que sempre de novo estou a pensar em pessoas que me feriram, então poderá ser de grande auxílio proibir estes pensamentos. Ou então aceito totalmente os pensamentos e reflito sobre como reagir a eles. Assim, serei capaz de assimilá-los e de afastá-los. Se porém, apesar disso, esses pensamentos sempre de novo tendem a crescer, então não faz sentido continuarmos a meditar sobre eles. Então eu preciso simplesmente interrompê-los e afastá-los de mim.
Sou eu mesmo que deve descobri qual método empregar num determinado caso. Para isso eu preciso de uma outra pessoa com quem eu possa convers a respeito dos meus sentimentos.
Um Diretor espiritual / Discipulador, nos ajuda a abordar os nossos pensamentos e sentimentos, nossas paixões e necessidades, fazendo uma projeção, em pensá-los até o fim, em imaginá-los até às últimas conseqüências e em permitir a representação das paixões.
Apresenta o desejo em sua realidade, e, porque o desejo é pensado em sua realidade nua e crua, ele perde seu caráter ameaçador. É neste momento que se torna capaz de encarar e tratar o desejo de modo sóbrio.
Muitos ficam insatisfeitos porque a fantasia lhes promete um mundo muito mais bonito. E é justamente nisso que o método se torna benéfico: trazendo o castelo do ar para a terra, confrontando a fantasia com a realidade e encarando todas as possíveis consequências. É nesta hora que a fantasia se transforma, revelando o que realmente em mim gostaria de viver e como eu poderia ligar este desejo com a realidade, sem precisar desfazer-me de meu atual ideal de vida.
Evágrio fundamenta o método antirrético tanto a partir da prática de Davi como também da atividade de Jesus. Segundo uma de suas cartas, o intelecto precisaria conhecer primeiramente as intrigas enganadoras dos demônios. Este é o pressuposto para o conhecimento de Cristo, para a contemplação. O caminho para lá chegar passa pela luta com os demônios: “Por isso ele – o intelecto – deve ser destemido diante de seu adversário, como mostra o bem-aventurado Davi.
No momento da luta, quando os demônios saem em opressão contra nós lançando seus projéteis, possamos enfrentá-los com as Sagradas Escrituras, para que os pensamentos perversos não permaneçam em nós, não subjuguem a alma pelos pecados que realmente ocorrem, não a manchem nem a deixem afundar- se na morte dos pecados...
“Sempre que na alma não existe pensamento apropriado para se opor ao maligno sem descanso e rapidamente, o pecado acaba tendo a supremacia” (EVÁGRIO. Anti, prólogo).
Nós devemos observar rigorosamente quais pensamentos gostariam de entrar em nosso lar. Os pensamentos dos demônios que nos deixam doentes, nos atrapalham na vida e nos fecham para Deus, devem ser barrados com uma palavra da Escritura. E se nós já tivermos encontrado estes pensamentos negativos dentro de nosso lar, devemos expulsá-los novamente dali, valendo-nos para isso de uma palavra da Escritura.
O método antirrético, portanto, me coloca em equilíbrio comigo mesmo, impedindo que os pensamentos negativos se estabeleçam em mim e me influenciem.
Perfeito! Aqui está uma proposta de fechamento para o artigo:
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Conclusão
A cultura contemporânea, ao transformar tudo em mercadoria e espetáculo, estimula um ciclo de insatisfação, tédio e violência que destrói vínculos humanos e sufoca o espírito. Contra esse pano de fundo, a sabedoria de Evágrio Pôntico surge como convite à liberdade interior: não se trata de reprimir paixões, mas de transformá-las em forças para o bem, permitindo que o coração reencontre a paz em Deus.
Evágrio ensina que cada emoção, mesmo a raiva ou a tristeza, pode se tornar ponto de partida para a cura se for apresentada diante de Deus e orientada com discernimento. Assim, o que parecia fraqueza se converte em força espiritual, e aquilo que nos prendia em ressentimento ou tédio se torna energia de libertação.
Num tempo em que buscamos anestesiar nossas feridas com consumo e distração, sua pedagogia espiritual nos recorda que o caminho é outro: olhar de frente nossas paixões, dialogar com elas à luz da Palavra, e redirecioná-las para a contemplação e o serviço. Somente assim o homem contemporâneo poderá reencontrar equilíbrio e esperança.
O céu, então, deixa de ser apenas promessa distante e começa a germinar dentro de nós — como paz, lucidez e liberdade — cada vez que, no meio da luta interior, nos abrimos ao Espírito que cura e transforma.
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