A Família de Nazaré - Um modelo a ser imitado
A Família de Nazaré
Cumprida todas as coisas segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua cidade de Nazaré. O Menino crescia e fortalecia-se, cheio de sabedoria e a graça de Deus estava com Ele.
O Messias quis começar a sua tarefa redentora no seio de uma família simples, normal. O lar onde nasceu foi a primeira realidade humana que Jesus santificou com a sua presença.
Nesse lar, José era o chefe da família; como pai legal, era a ele que cabia sustentar Jesus e Maria com seu trabalho. Foi ele quem recebeu a mensagem do nome que devia dar ao Menino - lhe porá o nome de Jesus - e as indicações necessárias para proteger o Filho: Levanta-te, toma o Menino e foge para o Egito. Dele aprendeu Jesus o seu ofício, o meio de ganhar a vida. Jesus devia manifestar muitas vezes sua admiração e seu carinho.
De Maria Jesus aprendeu maneiras de falar, ditos populares cheios de sabedoria, que mais utilizaria na sua pregação. Viu com certeza como ela guardava um pouco de massa de um dia para o outro, como lhe jogava água e a misturava com a nova massa, deixando-a fermentar bem abrigada debaixo de um pano limpo. Quando a Mãe remendava a roupa, o Menino devia observá-la ; se uma peça tinha um rasgão, Maria procuraria um pedaço de pano que se ajustasse ao remendo. Jesus, com a curiosidade própria das crianças, perguntar-lhe-ia por que não se servia de um tecido novo; e Sua Mãe lhe explicaria que os retalhos novos, quando são molhados, estiram o pano anterior e o rasgam. Entre outros ensinamentos do cotidiano.
Tudo isto aparecerá anos mais tarde na pregação de Jesus e leva-nos a pensar num ensinamento fundamental para a nossa vida diária: A quase totalidade dos dias que eles passaram na terra decorreram de uma forma muito parecida à de milhões de outros pais; ocupados em cuidar da família, em educar os filhos, em levar a cabo as tarefas do lar.
O trabalho de cada dia, os pormenores de atenção com as pessoas queridas, as conversas e visitas por motivo de parentesco ou de amizade. Bendita normalidade que santifica as pequenas coisas e que pode estar repassada de tanto amor de Deus.
Entre José e Maria havia afeto, espírito de serviço e compreensão. Assim é a família de Jesus: santa, exemplar, modelo de virtudes humanas, disposta a cumprir com exatidão a vontade de Deus. O lar cristão deve ser imitação do de Nazaré: um lugar onde Deus caiba plenamente e possa estar no centro do amor entre todos.
É assim nosso lar? Dedicamos o tempo e a atenção que merece? Jesus é o centro? Nos sacrificamos pelos outros?
São perguntas que podem ser oportunas no nosso exame de consciência de hoje, bem como de nossas orações.
Na Família, os pais devem ser os primeiros educadores da fé, mediante a Palavra e o exemplo. Isso cumpriu-se de maneira singular na Família de Nazaré. Jesus aprendeu de seus pais o significado das coisas que o rodeavam.
A Sagrada Família devia recitar com devoção as orações tradicionais que se faziam em todos os lares israelitas; naquela casa tudo se referia particularmente a Deus e tinha um sentido e um conteúdo novo. Com que prontidão, fervor e recolhimento Jesus devia repetir os versículos da Sagrada Escritura que as crianças hebraicas tinham que aprender. Devia recitar muitas vezes essas orações aprendidas dos lábios de seus pais.
Você pai, mãe, avós, responsável, ensinam às suas crianças as orações dos cristãos? Preparam seus filhos, de comum acordo com os sacerdotes, para os sacramentos? Os ensinam a prática da confissão, do perdão, da misericórdia? Oram com e pelos seus filhos?
O exemplo que derem com a sua retidão de pensamento e de ação, apoiado em alguma oração, valerá por uma lição de vida, por um ato de culto. Assim levarão a paz ao interior dos muros domésticos. Lembrem-se que é assim que se edifica a Igreja.
Os lares cristãos, se imitarem a Família de Nazaré, serão Moradas de paz, lares luminosos e alegres, saudáveis e em aperfeiçoamento contínuo. Assim será, porque cada membro da família se esforçará em primeiro lugar por aprimorar o seu relacionamento pessoal com o Senhor e, com espírito de sacrifício, procurará ao mesmo tempo chegar a uma convivência cada dia mais amável com todos os da casa.
A família é escola de virtudes e o lugar habitual onde devemos encontrar a Deus. A fé e a esperança tem que manifestar-se na serenidade com que se encaram os problemas, pequenos ou grandes, que surgem em todos os lares, no ânimo alegre com que se persevera no cumprimento do dever. Assim, o amor inundará tudo e levará a compartilhar as alegrias e os possíveis dissabores, a saber sorrir, esquecendo as preocupações pessoais para atender os outros; a escutar o cônjuge e os filhos, mostrando-lhes que são queridos e compreendidos de verdade; a não dar importância a pequenos atritos que o egoísmo poderia converter em montanhas; a depositar um amor grande nos pequenos serviços de que se compõe a convivência diária.
Santificar o lar, dia a dia; criar, com o carinho, um autêntico ambiente de família: é disso que se trata.
O exercício das virtudes espirituais no seio da família alicerçará a unidade que a Igreja nos ensina a pedir.
Uma família unida a Cristo é um membro do seu Corpo místico, e foi chamada de “Igreja doméstica”. Esta comunidade de fé e de amor tem de manifestar-se em cada circunstância como testemunho vivo de Cristo, à semelhança da própria Igreja.
A família cristã proclama em voz muito alta tanto as virtudes presentes do Reino como a esperança da vida bem-aventurança.
A Família de Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus, a escola do Evangelho. Nela se aprende a olhar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa muito simples, muito humilde e muito bela manifestação do Filho de Deus entre os homens.
Comentários
Postar um comentário