Quando não entro na luz termino rodeado de trevas

 

Hoje o Evangelho nos leva a meditamos na missão profética da Igreja. Deus dirige a palavra ao profeta Jeremias (1,17-19), enviando-o a comunicar ao povo, aos seus chefes e sacerdotes, uma palavra difícil de ouvir; Deus sabe que vão resistir.

A presença do Senhor naqueles que são seus enviados é poderosa “Faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze… não poderão vencer-te”.

Como revela Salmos: 71 : “Minha boca anunciará vossa justiça.” A missão é muito clara!

O apóstolo Paulo, que anda no Espírito, tem clareza de sua missão - 1Coríntios‬ ‭2:1-5: 

“A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder,”

Temos a tentação de escolher a mensagem a partir das qualidades do mensageiro. 

Fala bem, usa linguagem agradável e atraente, sabe usar das palavras para convencer ou então, não cativa, não tem discurso agradável, não é fácil escutar. 

Mas o importante não é aquele que fala mas a mensagem que transmite. Perdemos a mensagem quando rejeitamos o mensageiro. Foi assim que aconteceu a Herodes, em vez de acolher a mensagem mandou decapitar João Batista, o mensageiro. 

Evangelho: Marcos 6,17-29

“Com efeito, Herodes tinha medo de João, Pois sabia que ele era justo e santo.”

Atuam aqui duas forças claramente opostas e de diferente poder, de um lado o mal com todas as suas características e insídias e de outro, a verdade.

Herodes não foi capaz de se comprometer com as palavras de João, mas compromete-se com as suas próprias palavras que o levam a mandar cortar a cabeça do profeta. 

Como em todas as situações de pecado, a morte de João está embrulhada na ilusão de uma festa, escondida na noite do mal e deve ser executada sem demora. Do outro lado estão os discípulos de João que recolhem o corpo e lhe dão sepultura.

Dentro de mim existem continuamente duas forças antagónicas que reclamam a minha atenção e dedicação. A liberdade parece imperar apenas do lado do bem. As forças do mal mostram-se sensatas, libertadoras, apaziguadoras da consciência. 

Parece fácil entregar-lhes a vida. As forças do bem parecem sem sentido, esmagadoras da minha liberdade, opressoras e limitadoras da vida que se apresenta promissora. 

No final as consequências são sempre a morte de alguém. A minha morte, a morte dos que estão perto ou a morte dos inocentes. Alguém fica mal quando eu peco e o sabor final da vitória mostra-se na sua total verdade como uma derrota. 

Quando não me comprometo com a palavra de Deus comprometo-me com a minha palavra. Quando não entro na alegria de Deus mergulho na algazarra da festa dos homens. Quando não entro na luz termino rodeado de trevas. 

O pecado chama-me sem demora e não resisto se não estiver comprometido com Deus. 

Como Jeremias também João Batista e o apóstolo Paulo se sentiram chamados a uma missão especial e a confiar com fortaleza até ao martírio naquele que o chamou e enviou a anunciar. 

Todos, hoje, diante destas páginas da Escritura, sentimos que Deus nos chama a comunicar a sua palavra, palavra da verdade, ao mundo que nos rodeia. 

Os caminhos do Senhor são diversos mas também há caminhos que não são do Senhor. Por isso, é necessário anunciar com coragem e fortaleza a verdade anunciada por Jesus, para em todos os homens se manifeste a presença de Deus e todos sejam salvos pelo reconhecimento da verdade e não por palavras de persuasão humana.