Senhor, são poucos os que se salvam?
Evangelho: Lucas 13,22-30
“Senhor, são poucos os que se salvam?”
Jesus não quis responder diretamente. Foi mais longe que a pergunta e fixou-se no essencial: perguntaram-lhe sobre o número e Ele responde sobre o modo: Entrai pela porta estreita … E a seguir ensina que, para entrar no Reino - a única coisa que verdadeiramente importa - não é suficiente pertencer ao Povo eleito nem alimentar uma falsa confiança nEle:
“Então vocês dirão: ‘Nós comemos e bebemos com o senhor, e o senhor ensinou em nossas ruas’. E ele responderá: ‘Não os conheço nem sei de onde são. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam o mal!’.” (26,27).
Não bastam esses privilégios divinos; é necessária uma fé que resulta em obras. É preciso andar no Espírito para que Seu fruto (Gl 5,22) nos alimente e sacie a outros.
O autor de Hebreus (12:5-13) indica qual é a nossa missão nesta tarefa universal de salvação:
“Façam caminhos retos para seus pés a fim de que os mancos não caiam, mas sejam fortalecidos.”
É um chamado a ser exemplo, referencial, a fim de fortalecermos com nossa conduta e o nosso amor, os que estão mais fracos. Muitos virão apoiar-se em nós; outros compreenderão que o caminho estreito que leva ao Céu se converte em estrada ampla para os que amam a Cristo.
O Senhor quis que participássemos da sua missão de salvar o mundo, e dispôs que o empenho apostólico fosse elemento essencial e inseparável da vocação cristã. Quem se decide a segui-lo converte-se num apóstolo com responsabilidades concretas de ajudar os outros a encontrar a porta estreita que conduz ao Céu.
O desejo de aproximar os homens do Senhor não nos leva a fazer coisas estranhas ou chamativas, e muito menos negligenciar os deveres familiares, sociais e profissionais. É precisamente nas relações humanas normais que encontramos o campo para uma ação apostólica muitas vezes silenciosa, mas sempre eficaz.
No meio do mundo, no lugar onde Deus nos colocou, devemos levar os outros a Cristo; com o exemplo, mostrando coerência entre a fé e as obras; com a alegria constante, com a nossa serenidade perante as dificuldades; por meio da palavra que anima sempre e que mostra a grandeza e a maravilha de encontrar e seguir Jesus.
Dos primeiros cristãos dizia-se: “O que a alma é para o corpo, isso são os cristãos para o mundo” (Epístola de Diogneto - escrita 120 d.C.). Poderia dizer-se o mesmo de nós na família, onde estudamos, no nosso trabalho, em outras relações sociais? Somos a alma que dá a vida de Cristo onde quer que estejamos presentes?
Cada geração de cristãos tem que redimir e santificar o seu próprio tempo: para isso, precisa compreender e compartilhar os anseios dos próprios homens, seus iguais, a fim de lhes dar a conhecer, com dom de línguas, como devem corresponder à ação do Espírito Santo, à efusão permanente das riquezas do Coração divino. Compete a nós, cristãos, anunciar nestes dias, a esse mundo a que pertencemos e em que vivemos, a mensagem antiga e nova do Evangelho.
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