Entre Nós e os Outros: Vencendo o Orgulho e Acolhendo a Graça de Deus
Que o ciúme e o orgulho não apaguem a luz dos meus olhos
Neste 26º Domingo do Tempo Comum, somos chamados a refletir sobre as barreiras que criamos entre nós e os outros — barreiras muitas vezes feitas de orgulho, ciúme e cegueira espiritual. Quando nos deixamos dominar por essas emoções, o espaço entre nós e os outros se torna vazio, desolado, e perdemos a luz do Espírito que nos conduz à verdadeira comunhão.
**1ª Leitura: Números 11,25-29**
"Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!" — Este clamor de Moisés nos faz lembrar que o Espírito Santo não conhece limites, nem pode ser aprisionado pelas nossas visões estreitas. Deus distribui os seus dons como quer, e o Espírito Santo age tanto dentro quanto fora da nossa Igreja, como ocorreu com Eldad e Medad, que, fora do acampamento, receberam o mesmo Espírito.
Quantas vezes, como os discípulos, queremos limitar a ação de Deus àqueles que estão dentro dos nossos muros, ignorando que o Espírito sopra onde quer? Devemos, como Moisés, desejar que todos sejam profetas, que todos possam experimentar e manifestar a graça de Deus. Que o ciúme e a inveja não nos impeçam de enxergar a obra de Deus no outro.
**Salmo 18 (19):**
“A lei do Senhor é perfeita, alegria ao coração.” — A Palavra de Deus é fonte de sabedoria, especialmente para os humildes. Quando nos submetemos à sua vontade, quando nos afastamos do orgulho e do ciúme, o coração encontra a verdadeira alegria e paz.
**2ª Leitura: Tiago 5,1-6**
Aqui, São Tiago adverte sobre os perigos das riquezas e da opressão. Aqueles que possuem bens devem administrar com responsabilidade, sem oprimir os pobres. Muitas vezes, as desgraças vêm justamente de nossa incapacidade de partilhar o que temos, de abrir mão do egoísmo em prol do bem comum.
Como cristãos, devemos estar atentos ao nosso testemunho de vida, pois o mau uso dos dons que Deus nos deu — sejam eles espirituais ou materiais — pode escandalizar e afastar os mais frágeis da fé.
**Evangelho: Marcos 9,38-43.45.47-48**
“Quem não é contra nós é a nosso favor.” — Jesus nos ensina que a Sua obra não é exclusiva, nem limitada àqueles que estão visivelmente com Ele. O Espírito Santo se manifesta de maneiras inesperadas, até mesmo em lugares e pessoas que não esperamos.
Essa passagem nos desafia a cortar pela raiz qualquer sentimento de inveja e julgamento em nossos corações. O ciúme pelo que o outro faz ou recebe de Deus é um obstáculo ao crescimento da fé. A inveja apaga a luz dos nossos olhos, nos impede de ver o outro com o olhar de Cristo. Ao invés de tropeçar em nossas fraquezas, somos chamados a vigiar e cortar relações com o pecado, com tudo o que nos afasta de Deus e de Sua obra em nós.
**O perigo do escândalo e a responsabilidade cristã**
O Evangelho também nos alerta para o perigo do escândalo. Nosso mau testemunho pode ser uma pedra de tropeço para os pequeninos, para aqueles que estão começando na fé. Precisamos cortar aquilo que nos leva ao pecado e buscar viver de maneira íntegra, sendo luz e não trevas para aqueles ao nosso redor.
**Reflexão final**
Que o ciúme e o orgulho não apaguem a luz dos nossos olhos. Que possamos enxergar a ação de Deus no mundo e nas pessoas com humildade, reconhecendo que o Espírito age além das nossas fronteiras. Como Moisés, sejamos capazes de agradecer pela obra de Deus nos outros e, como Jesus, abramos nossos corações para acolher a ação divina em todas as Suas criaturas.
**Oração**
Senhor, ensina-me a ver com os Teus olhos. Livra-me do ciúme e do orgulho que me cegam para a Tua ação nos outros. Que eu possa ser testemunha fiel do Teu amor, sem escandalizar os pequeninos. Dá-me um coração humilde e vigilante, sempre atento ao pecado que ronda, e firme na Tua Palavra, que é perfeita e alegria ao meu coração. Amém.
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