Como estruturar um "reino de amor" em meu Lar?
Dia desses eu
conversava com um irmão sobre as cordas que amarram uma pessoa a outra.
Falávamos sobre “cordas humanas” e os “laços de amor” de Oséias 11.4. O irmão
achava a conversa muito espiritual. Pelo seu sorriso, percebi que “espiritual”,
para ele, era sinônimo de ingenuidade ou romantismo.
__ Lá em casa
as coisas são resolvidas de outra forma, disse ele. Aliás, se fosse Deus teria
dado um jeito na “pouca vergonha” de Gômer, a esposa do profeta Oséias.
__ “E o que
você ganharia com isso? Tem certeza que na base da força conseguiria o amor de
Gômer?”, perguntei.
Tenho a
impressão de que Deus construiu uma imensa estrutura de poder, chamado Reino
dos céus, por meio de sutis “fios de prata”, a versão celestial para “cordas
humanas”, laços de autoridade e submissão muito frágeis e de fácil ruptura.
Suponho que a
hierarquia de poder no Reino é mantida pela submissão voluntária. E a
autoridade é exercida sobre aqueles que a ela se sujeitam voluntariamente.
Penso, então,
em como estruturar um “reino de amor” em meu lar, em minha igreja, e imagino
quais “armas” eu usaria para “aprisionar“ aqueles a quem amo, de modo a
garantir que seus corações jamais se encantem por “outro alguém” ou sintam-se
infelizes ao meu lado. Logo me dou conta de que afetos não podem ser comprados
ou domados. Isso não seria uma relação de amor, mas de poder.
Não seria o
Reino de Deus, mas do inimigo, onde a liberdade é enganosa, se é que ela
existe; a luz se transforma em trevas e o amor, em dominação; a submissão
voluntária é substituída pelo temor servil. Nesse reino, a paz se confunde com
o imobilismo, e a esperança, com a resignação.
Em contraste,
quase posso ouvir meu Rei, a expandir seus domínios sobre a terra: “Filho meu,
dá-me o teu coração”. Ou então: “Eis que estou à porta e bato; se alguém abrir
a porta ...”.
Sim, o reino
dos céus é semelhante a alguém que coleciona belas pérolas e, ao achar uma de
grande valor, decide entregar sua própria liberdade para deixar-se amarrar,
mais e mais, por frágeis fios de prata.
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