O amor de Jesus pelos homens
O coração de Jesus é o que há de mais profundo em sua humanidade assumida, o “ponto” onde toda a humanidade se encontra com a divindade, realizando o grande mistério de Deus feito homem.
A característica de um coração é movimentar tudo permanecendo escondido e humilde.
“O plano do Senhor dura para sempre; os intentos do seu coração, por todas as gerações.” Salmos 33:11
Agora sabemos o que são, ou melhor, “quem” são os propósitos de seu Coração: somos nós! Diz-se que seus intentos duram “por todas as gerações”, isto é, para sempre; Deus não abandona seus filhos(as).
Por que o simbolismo do coração? Para a Bíblia, o coração é a parte mais nobre e importante do homem; é o núcleo íntimo da pessoa, sede de sua vida espiritual, lugar por excelência do encontro com Deus.
Do coração sai o que polui, mas também o que santifica o homem: a verdadeira pureza é a do coração (cf Mt 5:8), a humildade verdadeira é a do coração (cf Mt 11:29). O coração representa o que hoje nós chamamos o nosso “eu” mais secreto.
“Vós tirareis com alegria água das fontes de salvação.” (Is 12:3). O Evangelho dá destaque para o coração de Jesus - na mesma hora da morte de Cristo, há o destaque do apóstolo João: “Olharão para aquele que transpassaram”. Saiu sangue e água - revelando a profecia!
É fato que hoje as funções mais nobres agora passaram à inteligência, à vontade, e em última análise, ao cérebro. Mas mesmo em nossos dias sabemos que ele é o motor de todo o corpo; a vida e a morte são sinalizadas por ele; a ele conflui de todo o corpo o sangue corrompido de resíduos tóxicos que, purificado pelos pulmões, é reenviado para todos os membros.
Esse é o papel da Igreja: ser o Coração de Jesus! Naquele Coração aconteceu, na primeira vez, alargando a metáfora, a purificação de todos os pecados, a regeneração da esperança e do amor humano; para ali, misteriosamente, ainda hoje conflui, cada vez que dois ou mais se reúnem em Seu nome, todo sangue impuro e envenenado do mundo e daí parte o fluxo misterioso do Espírito Santo que purifica, renova e alimenta todos os membros da igreja.
Cada perdão, cada graça, cada iluminação, cada tênue desejo de esperança e de alegria, todo o impulso para a unidade que experimentamos em nossa vida cristã partem daquele centro que é o Coração de Jesus.
Foi esse o desígnio do Pai: que nele habitasse “toda a plenitude, graça sobre graça (cf Cl 2:9; Jo 1:16). A razão profunda é que naquele Coração, na cruz, realizou-se um ato de obediência total e perfeita que fundamentou toda a vontade de Deus; por isso o exaltou e colocou a salvação de todos os homens em Suas mãos.
O Coração de Jesus é a mina em que se encontram todos os tesouros da sabedoria e da ciência (cf Cl 2:3).
O Coração de Jesus é o “coração novo” que nos foi prometido por Ezequiel (11:19) e conferido no batismo, aquele “coração de carne” que deve tomar, pouco a pouco, o lugar do “coração de pedra” que carregamos conosco desde o nascimento.
Perdoar como Jesus perdoou, obedecer como Jesus obedeceu, sofrer como Jesus sofreu, amar como Jesus amou não significam outra coisa se não Cristo viver em nós. Ter “os mesmos sentimentos” (Fp 2:5) significa ter o mesmo coração!
O verdadeiro amor de que fala o evangelho consiste precisamente nisto: não somos nós que amamos os irmãos dando-lhes algo de nós mesmos, mas que nós permitamos a Jesus amar ainda os irmãos em nós, fazendo passar através de nós o mesmo amor.
Ainda uma coisa: nós anelamos ser, de novo, “um só coração” (cf At 4:32); procuremos a unidade de todos os que creem em Cristo; esta é a vontade do Pai.
“eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.”
João 17:23
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