Trazendo Luz ao Dilema Humano: Entre o Prazer e o Sofrimento
No caminho da vida, somos confrontados com escolhas que moldam não apenas nosso destino pessoal, mas também o tecido da sociedade que habitamos. A família, esse palco sagrado onde dramas espirituais se desenrolam, é onde aprendemos as mais profundas lições sobre amor, sacrifício e serviço ao próximo.
Como seres humanos elevados à vida sobrenatural, somos chamados a transcender nossos instintos e desejos egoístas, a fim de abraçar o propósito maior que Deus traçou para nós.
Essa amizade entre o homem e Deus é o estado de graça em que o ser humano foi originalmente constituído. Criados para o conhecermos e amarmos, Deus agraciou-nos com a inteligência com o dom da fé e a vontade, com o dom do amor (caridade); deu-nos enfim uma visão para o alto, um coração que a Ele se eleva: a esperança.
No Brasil, em meio à catástrofe das intensas chuvas no sul do país, com as perdas humanas e os prejuízos materiais, bem como o alto custo para assistência e reconstrução, discute-se o valor tangível e intangível do show business; do quanto se investe financeiramente e o bem cultural que um evento como esse oferece a sociedade.
Um cristão pauta essa reflexão a partir do propósito pelo qual existimos e qual premissa deve fundamentar a vida em sociedade. Assim, o que se nota é que nossa jornada nem sempre segue um plano divino. A queda da humanidade no Pecado Original nos afastou de Deus, desviando-nos de nossa verdadeira finalidade e mergulhando-nos na escuridão do pecado.
O ser-humano que vê o ser e pode saber que o mau pode lhe fazer bem e que o prazer pode lhe fazer mau, ele é livre PELA GRAÇA DE DEUS; diferente de um cavalo por exemplo; ao sofrer com o chicote ele foge da dor e então torna-se escravo de quem o usa para transportar cargas. Uma pessoa pode escolher se inclinar numa outra direção, mesmo sob sofrimento, ou abrir mão de uma oferta aprazível pois percebe que lhe fará mal.
A vida em família é o maior exemplo; quantas riquezas de afeto, alegria, pertencimento, cuidado, aprendizados diversos que nos tornam pessoas prontas para a conquista de novas realidades; mas há dificuldades nos relacionamentos familiares que exigirão o uso da inteligência e da vontade para aprender a mover-se, fazer escolhas pautadas em princípios e valores que são gerados no Ser - Deus é amor revelado em Cristo Jesus - e não em aparências ou emoções somente.
É prazeroso o adultério, a luxúria, a vaidade, viver egoisticamente e se desfazer dos outros; é prazeroso mas é mau e gera destruição e morte! O uso da inteligência nos dá clareza dessa realidade. Nosso Senhor disse: “A verdade vos libertará.” Ao conhecer a Verdade, você pode inclinar sua vontade na direção do Ser. Deus é a Verdade, objeto da inteligência; Deus é o Bem, objeto da vontade.
Com a queda do Homem e o pecado corrompendo a natureza humana, a humanidade perde a comunhão com Deus e consequentemente não desfruta da graça.
Então, nós que fomos criados para nos unir a Deus conhecendo e amando, viramos as costas para aquilo que é a finalidade da nossa vida. Daí que surge o conceito de pecado (hamartia, gr. - errar o alvo); como bem disse Santo Agostinho em Confissões: “Criaste-nos para Ti”. Pelo humanismo o ser humano vive para si; vai em outra direção porque mudou a finalidade.
Daí vermos, testemunharmos e até vivenciarmos uma busca frenética pela felicidade de maneira desordenada, irracional, motivada apenas pelos sentidos e instintos (foge da dor e busque o prazer).
Um dos 10 Mandamentos é: “Não tereis outros deuses!” - ou seja, não procure outras finalidades! EU SOU a razão de ser da sua vida! EU SOU o porquê da sua existência!
O pecado, como força que provoca errar o alvo, nos separa da plenitude da vida que Deus deseja para nós. Ao nos voltarmos para prazeres efêmeros e desejos mundanos, perdemos de vista a verdadeira fonte de felicidade e nos entregamos à auto-destruição. Ao rejeitarmos Deus, rejeitamos a nós mesmos e nos tornamos escravos de nossos próprios desejos e caprichos.
Então, revoltar-se contra Deus é revoltar-se contra seu próprio ser. Vive um processo de auto-destruição. Por que o pecado está ligado à morte? Porque é como cortar o galho da árvore onde você está sentado. Deus é a fonte do seu ser, como o manancial de um rio, e ao mesmo tempo a foz do rio, o escoadouro, por onde você flui e O conduz ao mar, o oceano da plenitude. Revoltar-se contra aquilo para o qual o Homem foi feito é não receber os meios para a vida genuína e saudável.
“Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” (Rm 5:12).
A Queda provoca a grande tragédia do pecado de Adão e Eva: nos colocaram num caminho de morte eterna; um desvio daquilo que é a razão de existir do ser-humano. Então nascemos desfocados e propensos à desordem e ao desenvolvimento de motivações erradas. Por isso Nosso Senhor Jesus veio, para nos libertar, curar, ordenar, conduzir pelo Seu Espírito ao Manancial de águas vivas, por um rio que vivifica e nos oferece a plenitude do Ser.
Na vida cotidiana, somos confrontados com escolhas entre o prazer egoísta e o sacrifício amoroso. Enquanto o prazer desordenado nos leva à escravidão do egoísmo e da insensibilidade, o sofrimento oferece a oportunidade de exercer a verdadeira caridade e compaixão. É na renúncia de nossos próprios desejos em prol do bem dos outros que encontramos a verdadeira liberdade e realização.
Diante das tragédias sociais e catástrofes naturais, somos frequentemente testemunhas da incrível capacidade humana de solidariedade e compaixão. Em momentos de crise, quando o sofrimento alheio se torna evidente, muitas pessoas deixam de lado o egoísmo e o prazer pessoal para se mobilizarem em prol dos que mais precisam. Essa resposta altruísta diante do sofrimento é um testemunho poderoso da resiliência e bondade inerentes à natureza humana.
O impulso de ajudar o próximo em momentos de necessidade é uma manifestação da empatia e compaixão que residem no cerne (no ser) de nossa humanidade. Ao vermos nossos semelhantes enfrentando adversidades e desafios, somos naturalmente movidos a agir em solidariedade. Essa disposição para compartilhar o fardo do sofrimento alheio e oferecer ajuda prática é um reflexo da nossa capacidade de nos conectarmos uns aos outros em tempos de dificuldade.
Além disso, as tragédias muitas vezes nos confrontam com a fragilidade da vida e a efemeridade de nossas próprias circunstâncias. Ao testemunharmos o impacto avassalador do sofrimento sobre os outros, somos confrontados com a realidade de nossa própria vulnerabilidade e finitude. Essa consciência pode nos despertar para a importância de valorizarmos as relações humanas e buscarmos o bem-estar coletivo em vez do mero prazer individual.
Nesses momentos de crise, a generosidade e a solidariedade se tornam os valores orientadores que nos capacitam a superar adversidades e reconstruir comunidades. Pessoas de diferentes origens, crenças e backgrounds se unem em um espírito de colaboração e apoio mútuo, demonstrando que, apesar de nossas diferenças, somos todos membros da mesma família humana.
É importante reconhecer que, embora as tragédias possam trazer à tona o melhor da humanidade, também revelam as desigualdades e injustiças presentes em nossas sociedades. Muitas vezes, são os mais vulneráveis e marginalizados que sofrem desproporcionalmente em momentos de crise, destacando a necessidade de abordar questões estruturais de desigualdade e injustiça social.
No entanto, mesmo diante desses desafios, a capacidade humana de se mobilizar, compadecer-se e ajudar os que mais precisam continua a nos inspirar e renovar nossa esperança em um futuro mais justo e solidário. Que possamos cultivar e nutrir esses valores de empatia e compaixão em nossas próprias vidas, tornando o mundo um lugar mais acolhedor e humano para todos.
Assim, que possamos escolher o caminho da vida sobrenatural, orientados pela graça de Deus e guiados pelo amor ao próximo. Que possamos reconhecer que apenas no Deus revelado em Cristo Jesus encontramos a verdadeira felicidade e plenitude. Que possamos aprender a enxergar além dos prazeres passageiros e abraçar o sacrifício amoroso que nos conduz à verdadeira vida, aqui e na eternidade.
Deus quer que o conheçamos pois sabe que serão felizes aqueles que O amarem!
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