Uma Igreja para todos e para o homem todo

 


Uma Igreja a serviço do bem de todos os homens como também o bem do homem todo.


O fio condutor de Deus na Criação é o amor. Portanto, o plano de Deus é que o homem ame e responda ao seu amor e assim ele próprio pense, fale e atue no amor.


Se Deus é o autor de todo o cosmos, então ele é também a medida de tudo o que deve existir. Toda a ação será medida em relação a Ele e ao seu plano. Nele podemos saber o que é agir bem. Dito de um modo simples: Deus escreveu o DNA da nossa vida. O que Deus quer para nós e conosco é que é a norma e a regra de uma vida boa e justa. Os cristãos agem de um modo solidário, porque já antes Deus agiu neles amorosamente.


Incorporados em Cristo pelo Batismo, os cristãos «morreram para o pecado e vivem para Deus em Cristo Jesus», participando assim na vida do Ressuscitado. Seguindo a Cristo e em união com Ele, os cristãos podem esforçar-se por ser imitadores de Deus, como filhos bem amados, e por proceder com amor», conformando os seus pensamentos, palavras e ações com os sentimentos de Cristo Jesus e seguindo os seus exemplos.


Curando as feridas do pecado, o Espírito Santo renova-nos interiormente por uma transformação espiritual, ilumina-nos e fortalece-nos para vivermos como «filhos da luz» (Ef 5, 8) «em toda a espécie de bondade, justiça e verdade (Ef 5, 9).


Quando somos animados pelo amor de Cristo, nós conhecemos os laços que nos unem aos outros e sentimos como próprias as necessidades, os sofrimentos e as alegrias alheias.


Daí a doutrina cristã ter sempre afirmado a vinculação íntima que existe entre a ordem natural e a ordem sobrenatural, entre a natureza e a graça, entre a vida terrena e a bem-aventurança eterna.


Como entender essa realidade?


O processo revolucionário 


A crise intelectual abriu caminho para a corrupção dos costumes.


O avanço tecnológico (Revolução Industrial) permitiu que a nova burguesia aumentasse o seu poder econômico em detrimento da classe operária.


Todas as estruturas comunitárias foram desaparecendo, atomizando a sociedade num conglomerado de indivíduos, indefesos diante da opressão dos poderosos e da indiferença dos Estados.


O crescimento demográfico agrava o panorama já sombrio. É a questão do subdesenvolvimento, tratada por João XXIII na Mater et Magistra e por Paulo VI na Populorum Progressio.


Por que uma Doutrina Social?


O laicismo, característico de liberais e socialistas, relegava a Igreja “a sacristia” e não admitia a menor vinculação entre religião e ordem social.


Da missão que Cristo confiou à sua Igreja derivam funções, luzes e energias que servem para estabelecer e consolidar a comunidade humana segundo a lei divina.


A energia que a Igreja pode comunicar à sociedade humana radica nessa fé e amor (caridade), aplicadas à vida prática. Sem jamais perder de vista o sobrenatural pois a Igreja tem por missão conduzir os homens a Deus. Mas os homens alcançam o seu destino eterno conforme respeitem ou não o desígnio providencial de Deus, durante a vida na terra. 


Um princípio teológico fundamental afirma: “a graça supõe a natureza; não a destrói, mas a aperfeiçoa.”


Há uma profunda correspondência das verdades naturais, que estão ao alcance da razão, com as verdades sobrenaturais contidas na Revelação divina. Assim como a caridade pressupõe a justiça, assim também a Fé pressupõe a razão. Chesterton expressava de modo pitoresco, ao dizer: “O que a Igreja pede ao homem, para que nela entre, não é que tire a cabeça, mas tão somente que tire o chapéu.”


Uma Doutrina Social 


O ponto de partida é duplo: a Revelação e a lei natural. Sobre esses fundamentos a Igreja fórmula os princípios de toda reta ordem social. 


A necessidade dessa formulação torna-se manifesta quando se considera a crise da humanidade, abarcando todas as atividades e instituições humanas: crise dos direitos humanos, crise das famílias, crise das relações trabalhistas, das empresas e profissões, das comunidades nacionais e da ordem internacional. 


Tais são os males que o mundo padece na atualidade”, assinalava Pio XI em 1922.


O fim de cada pessoa individual é realizar o bem. O fim da sociedade é o bem comum.


O bem comum denota tanto o bem de todos os homens como também o bem do homem todo. O bem comum precisa em primeiro lugar das condições básicas de uma ordem estatal que funcione como é próprio de um Estado de direito. Depois deve cuidar da preservação das condições naturais da vida. 


Dentro deste quadro, há o direito de cada pessoa à alimentação, habitação, saúde, educação e acesso à formação. Deve haver também liberdade de opinião, de reunião e de religião. Aqui sobrepõem-se as exigências do bem comum com as dos direitos humanos universais.


No entanto, o bem comum não consiste apenas no bem-estar material e exterior de todos os homens; o seu fim é muito mais o bem-estar total do homem. Por isso é que também pertence ao bem comum o cuidado pelo seu bem-estar espiritual. Nenhum aspecto do ser humano deve ser deixado de fora.



Fontes literárias:

A Ordem Natural, Carlos Alberto Sacheri

DOCAT - Como agir?





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