Sabedoria do Alto: Encontrar a Verdadeira Alegria no Caminho de Cristo
**Sabedoria do Alto: Encontrar a Verdadeira Alegria no Caminho de Cristo**
Em um mundo onde o acúmulo de bens, o poder e o status são frequentemente considerados sinais de sucesso e felicidade, a Palavra de Deus nos convida a uma reflexão profundamente contracultural: a verdadeira alegria e realização não vêm das riquezas deste mundo, mas da sabedoria que vem do alto, do próprio Deus. O encontro com Jesus nos desafia a reavaliar o que realmente importa, nos chamando a desapegar dos bens materiais e a seguir um caminho de liberdade, onde o coração encontra paz e plenitude em Deus.
Na liturgia deste 28º Domingo do Tempo Comum, as leituras nos orientam a refletir sobre o valor da sabedoria divina e sobre o que estamos dispostos a deixar para alcançar a vida eterna. A experiência do rei Salomão, que escolhe a sabedoria em vez de riquezas, e o diálogo de Jesus com o jovem rico, nos mostram que a verdadeira liberdade e alegria só são encontradas quando nosso coração está despojado de tudo o que nos prende ao efêmero. Nesse caminho, aprendemos que seguir a Cristo é deixar tudo para trás, para viver a plenitude da vida no Reino de Deus.
Este artigo explora essa jornada de desapego, sabedoria e libertação espiritual, convidando-nos a refletir sobre as escolhas que fazemos em nossa vida e a buscar a alegria genuína que só Cristo pode oferecer.
**1ª Leitura: Sabedoria 7,7-11**
“Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia, e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis.”
Atribuídas a Salomão, estas palavras recordam que, diante da sabedoria de Deus todas as coisas deste mundo são como lodo. Nem os cetros, os tronos, as riquezas, a prata, o ouro e as pedras preciosas valem alguma coisa diante da sabedoria. Até a saúde e a beleza são nada diante dela. Quem tem a sabedoria de Deus recebe com ela tudo o que necessita.
**Salmos: Sl 89(90)**
“Saciai-nos, ó Senhor, com vosso amor, / e exultaremos de alegria!”
O salmista pede ao Senhor que lhe ensine a justa medida de todas as coisas, pois sem a sabedoria de Deus nem os dias somos capazes de medir “ensinai-nos a contar os nossos dias”. A falta de sabedoria leva ao afastamento de Deus e, por isso, é necessário pedir para regressar. A proximidade de Deus revela que a verdadeira alegria não está no resultado das nossas mãos, mas em tudo o que o Senhor faz por nós “Voltai, Senhor!… Tende piedade… Saciai-nos… Compensai… Manifestai… Confirmai….
**2ª Leitura: Hebreus 4,12-13**
“A palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes: ela penetra até ao ponto de divisão da alma e do espírito, das articulações e medulas, e é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura que possa fugir à sua presença: tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas.”
Sabemos que diante da Palavra de Deus tudo fica revelado, porque ela penetra até ao mais íntimo, até onde se escondem as intenções. Desta forma podemos conhecer a verdade e tomar decisões mais verdadeiras para seguirmos pelo caminho que Deus mesmo nos oferece, o caminho da vida eterna.
**Evangelho: Marcos 10,17-30**
“«Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?»… Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa”.
A liberdade de não ter nada
“Mandaste-me seguir-te e eu peguei em tudo o que tinha e fui contigo. Levei sandálias e alforge, túnica e capa. Levei pão e bolsa com dinheiro. Levei sonhos e projetos e vontade de chegar.
Hoje, olhaste para mim com amor e disseste… “falta-te uma coisa…”. Olhei para mim e não entendi… Que poderá faltar-me?
Depois percebi. Falta-me a liberdade de não ter nada, nem uma pedra onde reclinar a cabeça.”
Sabemos, pela experiência da vida, que a felicidade não se encontra nas riquezas, no poder nem no conhecimento. Tudo isto, diz a primeira leitura é “como nada… não passa de um pouco de areia… considerada como lodo”. Salomão escolhe a sabedoria do coração e não as riquezas. Em resposta Deus dá-lhe o que ele não pede, como recompensa “dou-te um coração sábio… dou-te também o que nem sequer pediste: riqueza e glória” (3,12).
O evangelho oferece três diálogos de Jesus, um com o homem rico, outro com os discípulos e outro com Pedro. Nestes diálogos ensina que, diante dele, é necessário fazer escolhas e nem todos são capazes de decidir o melhor porque o desprendimento é difícil. Só unidos a Deus saberemos desprender-nos para seguirmos Jesus.
A liturgia deste domingo pede que façamos uma avaliação sobre o objetivo “alcançar a vida eterna” e o sobre os meios que usamos e as opções que fazemos para lá chegar.
Recordamos que, domingo passado, a palavra nos questionava se queríamos a ditadura da Lei ou a liberdade do coração. A lei permite ou proíbe, mas o coração liberta. Também este domingo, o desafio é procurar tudo o que liberta o coração. Os bens deste mundo, a riqueza, o poder, e até a saúde e a beleza, podem tomar o lugar de Deus e aprisionar o coração de modo que deixamos de ser livres para seguir Jesus até onde ele nos levar.
Medite na Palavra
Assim, neste 28º Domingo do Tempo Comum, somos chamados a refletir sobre o verdadeiro valor das coisas que buscamos e como essas escolhas moldam nossa jornada rumo à vida eterna. A primeira leitura, do Livro da Sabedoria (Sabedoria 7,7-11), nos lembra que a sabedoria de Deus é incomparavelmente mais preciosa do que qualquer bem material, poder ou beleza que este mundo possa oferecer. Salomão, ao preferir a sabedoria à riqueza e à glória, nos ensina que, ao buscar o que é eterno, recebemos mais do que podemos imaginar.
A verdadeira sabedoria nos guia a contar nossos dias, como o salmista reza no Salmo 89 (90), para vivermos de maneira justa diante de Deus. Quando compreendemos que nosso tempo e nossos esforços só têm pleno significado em Deus, podemos abandonar a ilusão de que os frutos de nossas mãos nos trazem a verdadeira alegria. É o amor e a misericórdia do Senhor que saciam nossa sede de sentido e nos levam à exultação de uma alegria profunda, que transcende as circunstâncias terrenas.
Na Carta aos Hebreus (Hebreus 4,12-13), somos lembrados do poder da Palavra de Deus, que é viva e eficaz. Ela é como uma espada que penetra até o mais íntimo do nosso ser, revelando nossos pensamentos e intenções. Não há como fugir do olhar amoroso e justo de Deus, que conhece tudo o que há em nós. Este reconhecimento nos convida a uma vida de integridade, onde nossas escolhas e ações são guiadas por essa sabedoria divina, capaz de discernir o que é bom e o que é mau.
No Evangelho de Marcos, vemos Jesus confrontando o jovem rico, que desejava alcançar a vida eterna, mas que se via preso às suas riquezas. Jesus, com amor, o desafia a se desprender de tudo o que possui para segui-Lo com liberdade. Esse convite também é feito a nós: desapegar-se do que nos prende, seja materialmente ou emocionalmente, para que possamos seguir a Cristo com o coração livre e plenamente aberto à Sua vontade.
**Reflexão: A Liberdade de Não Ter Nada que o escravize**
Neste mundo, é fácil sermos seduzidos por aquilo que vemos, tocamos e conquistamos. No entanto, Jesus nos lembra que, para alcançarmos a vida eterna, precisamos buscar a verdadeira liberdade — a liberdade de não ser prisioneiros de nossas posses, de nossas ambições, ou até de nossos medos. É a liberdade de confiar que, em Cristo, temos tudo de que precisamos.
Essa liberdade nos conduz a uma vida de amor, onde o foco não está em acumular ou preservar, mas em servir e seguir Jesus onde quer que Ele nos chame. A caminhada com Cristo é uma jornada de desprendimento, de deixar para trás as falsas seguranças deste mundo e abraçar a riqueza inestimável da Sua presença. Somente quando somos capazes de nos desprender das riquezas temporais, do poder e das nossas próprias vontades, é que encontramos a verdadeira vida — a vida em Deus.
Santa Teresa de Ávila:
"Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta."
Santa Teresa de Ávila confirma que, assim como Salomão pediu sabedoria, devemos buscar em Deus o que realmente importa, pois "Só Deus basta" para preencher o coração humano.
**Oração**
Senhor, ensina-nos a verdadeira sabedoria do coração, que nos leva a preferir o Teu amor e a Tua presença acima de todas as coisas. Que a Tua palavra revele em nós o que ainda nos prende e nos impeça de Te seguir com liberdade. Dá-nos a graça de contar nossos dias com sabedoria, e que nosso desejo de alcançar a vida eterna nos leve a escolhas verdadeiras, guiadas pelo Teu Espírito. Purifica nossas intenções, para que, desapegados das coisas deste mundo, possamos seguir-Te com um coração livre e pleno de confiança em Tua promessa. Amém.
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