Páscoa - O que fundamenta sua razão em tempos de incertezas?
“Eles continuaram sem acreditar, cheios de alegria e espanto. Então Jesus perguntou: “Vocês têm aqui alguma coisa para comer?”. Lucas 24:41
Os discípulos que já haviam dormido de tristeza no Getsêmani (22.45) agora não acreditam no que estão vendo, por causa da alegria (24.41). O que estavam vendo parecia ser bom demais para ser verdade.
Então, Jesus dá mais um passo para provar a seus discípulos que era ele mesmo, e não um espírito (24.37): pede a eles algo para comer. Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado e um favo de mel. E ele comeu na presença deles (24.41-43).
William Barclay tem razão ao dizer que o cristianismo não se fundamenta em sonhos de mentes transtornadas nem em visões de olhos cerrados, mas na realidade histórica daquele que enfrentou a morte, lutou contra ela, venceu-a e ressuscitou.
Então Jesus abre as Escrituras para descerrar o entendimento aos que estão tomados pela incredulidade (24.44-46).
O argumento irresistível e cabal de Jesus para provar sua ressurreição, depois de mostrar as marcas dos cravos em suas mãos e em seus pés e depois de comer pão e mel, foi abrir as Escrituras e mostrar aos discípulos que sua morte não foi um acidente nem sua ressurreição uma surpresa.
Ele morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras, foi sepultado segundo as Escrituras e ressuscitou segundo as Escrituras (1Co 15.1-3).
Barclay ainda diz: “A cruz não foi algo forçado para Deus. Não foi uma medida de emergência quando tudo o mais havia fracassado e quando os planos haviam fracassado. A cruz estava na agenda de Deus desde a eternidade”.
As três divisões da Bíblia Hebraica (Lei de Moisés, Profetas e Salmos) indicam que não há parte alguma das Escrituras que deixe de dar testemunho de Jesus.
Jesus mostra a seus discípulos que ele mesmo é chave hermenêutica para se compreender a essência da Lei, dos Profetas e dos Salmos.
Só compreenderemos o Antigo Testamento se entendermos que a totalidade dele aponta para Cristo, sua morte e ressurreição, sua humilhação e sua exaltação.
David Neale diz que aqui o Senhor ressurreto se torna um Mestre ressurreto e interpreta as Escrituras à luz de sua crucificação e ressurreição. Isso significa dizer que o propósito da Lei, dos Profetas e dos Salmos deve ser entendido como Escrituras que predizem a vida de Jesus enquanto contam a jornada de Israel com o Senhor. Eles são lidos através de novas lentes messiânicas, que são esclarecidas pela paixão e pela ressurreição de Jesus.
Assim, as Escrituras adquiriram um nível de significado completamente novo – um nível messiânico. Os discípulos que haviam escutado de Jesus essas verdades ao longo de seu ministério, agora, porém, têm o entendimento aberto para compreenderem as Escrituras (24.45,46).
Assim Jesus dá a grande comissão aos que são testemunhas de sua ressurreição (24.47,48). Aqueles que tiveram seu entendimento aberto para compreenderem as Escrituras agora são comissionados a pregar, no nome de Cristo, arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações, a partir de Jerusalém (24.47).
Essa pregação era mais do que simplesmente uma proclamação; era, também, um testemunho (24.48).
No ritmo da vida
– É na situação de vida de cada um que Jesus se dá a conhecer: pode haver surpresa, espanto, dúvidas, como em qualquer encontro… Jesus compreende estas reações e respeita os tempos da compreensão: “abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”…
– A ressurreição fornece-nos a chave para compreender, ilumina as situações da vida… Mesmo aquelas zonas mais obscuras e ambíguas da nossa existência recebem nova luz: foi a ressurreição que deu sentido a tudo o que Jesus fez e disse. É também a ressurreição que há-de levar-nos a comprometer-nos com a esperança de uma vida diferente…
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