Páscoa - Benefícios de permanecer em Cristo

 


A palavra que sobressai no Evangelho de hoje é “permanecer” (8 vezes). Permanecer em Cristo, o lugar onde todo o cristão deve lançar as raízes da fé e de cujo tronco se alimentam os ramos para produzir e dar muitos frutos. Permanecer significa estar por muito tempo, de uma forma estável no mesmo lugar, não fugindo das adversidades e procurando vencer os obstáculos. 


É tudo o contrário de uma certa mentalidade que se tem imposto e que preconiza a mudança constante, a superficialidade, que recusa o definitivo e defende a verdade como um valor muito relativo e passageiro. É a chamada “sociedade líquida”.


Jesus diz aos seus discípulos que é necessário ser fiel ao projeto que abraçaram com Ele, que a condição necessária para que o ramo dê fruto é permanecer unido à cepa. Se assim não for, não poderão produzir frutos. Quem permanece unido a Cristo, à videira, dará frutos. Paulo (Atos 9,26-31) foi um dos que procurou unir-se a Cristo, depois de ter militado noutras frentes; Por isso, teve dificuldades em ser reconhecido pelos restantes membros da comunidade tanto em Damasco como em Jerusalém e sofreu perseguições dos seus concidadãos; mas, manteve-se firme e superou, unido a Cristo, todas as dificuldades. Quem observa os mandamentos com fé e amor, permanece em Deus e Deus nele, diz a Epístola de S. João (1 João 3,18-24).    


1. Unidos a Cristo


– A imagem da vinha e da videira era familiar aos ouvintes de Jesus porque era tirada da vida agrícola quotidiana dos que habitavam aquela região: cuidavam das vinhas, podavam antes do início da primavera, usavam os ramos secos para aquecer as suas casas… O povo de Israel até se considerava a vinha escolhida pelo Senhor…


– Mas agora, Jesus não fala da vinha em geral mas, da videira e dos ramos, e altera, em parte, as referências habituais: a videira é Ele, o Pai é o agricultor, e os discípulos são os seus ramos… Jesus fala de uma realidade nova: Ele é a videira de cuja seiva se hão-de alimentar os ramos que estão unidos a Ele; é o tronco donde brotam os membros do novo povo que, com o Pai como agricultor, hão-de produzir fruto abundante…


– Nenhum ramo pode dar fruto se não estiver unido a Cristo, se não “permanecer n’Ele”, se não guardar as palavras de Jesus…


– É condição essencial da vida cristã estar unido a Cristo, permanecer com Ele, alimentar-se da sua seiva, guardar a Sua palavra, dar fruto. Toda a vitalidade do discípulo tem de vir de Cristo; desligado d’Ele todo o esforço será estéril…


2. Dar fruto

– Quem conhece uma videira sabe que os frutos não estão na cepa, mas sim nas varas. E também sabe que há muitas varas que não produzem: as que nascem diretamente do tronco, em baixo, até se chamam “ladrões”, e há uma operação que se chama “desladroar”, que consiste em eliminar esses ramos… Toda a gente sabe que, para produzir frutos de qualidade, a videira precisa de ser podada: eliminar muitas varas e deixar apenas algumas, aquelas que estão em condições de garantir a sustentabilidade da videira e a qualidade dos frutos…


– Jesus fala desta operação porque quer que os seus discípulos produzam frutos de qualidade… Não quer muita folhagem mas, bons frutos…


– “O que permanecer em mim e Eu nele dará muito fruto, porque sem mim, nada podeis fazer”… De que fruto se trata? Da rentabilidade, dos proveitos? Do crescimento exclusivamente pessoal? Não, os frutos são para os outros, são de índole comunitária: mais amor, mais justiça, mais fraternidade…


– Jesus disse noutro lugar: “pelos frutos os conhecereis…”; e S. João (1 João 3,18-24) recorda: “não amemos com palavras e com a língua, mas com obras e em verdade”… Mais fruto significa então mais vida de Cristo, mais verdade, mais homem novo, mais amor… O fruto é amadurecido dentro de cada um e manifesta-se nas obras, no amor aos outros, igual ao amor de Cristo…


3. Paulo e o esforço pela unidade

– Na leitura dos Atos dos Apóstolos ouvimos a narração dos primeiros passos de Paulo depois da conversão… Não foi fácil ser aceito em Jerusalém porque havia a lembrança das suas perseguições mas, Barnabé ajudou a integrá-lo na comunidade…


– Paulo há-de deixar-nos as melhores expressões de união a Cristo: “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”; “para mim, viver é Cristo e morrer é lucro”. No entanto, não caminhou sozinho, apesar de algumas vezes reivindicar uma certa autonomia; procurou unir-se à comunidade e teve em Barnabé um apoio muito grande…


– Estar unido a Cristo implica a ligação à comunidade, apoiar-se nela… As varas, sozinhas, nunca dão fruto: é preciso estarem unidas, por um lado, à cepa que é Cristo e, e por outro, fazerem parte de um conjunto que arranca do mesmo tronco: a comunidade dos discípulos de Jesus…

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