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Mostrando postagens de julho, 2021

O Amor e vida no Espírito

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  Homem, conheça-te a ti mesmo, domine suas paixões, pratique o bem e, sobretudo, viva na Presença de Deus. Para nós, que desejamos desenvolver, tanto quanto for possível, uma vida saudável, seja ela pessoal ou social, tornou-se uma necessidade premente conhecermos alguma coisa da vida da alma. Precisamos de Deus e de sua Vida, precisamos do seu Amor. Nada neste mundo nos ajuda a procurá-Lo.  Porque a alma deve ordenar-se para Deus, precisa livrar-se dos apegos e todas as coisas criadas. Precisa superar a tendência a substituir Deus por algo menor, purificando-se para abandonar os ídolos.  Por isso que andar no Espírito é permitir ser conduzido ao “deserto”,    ao processo da “noite escura” dos sentidos e da alma. Somente por esse caminho de libertação dos vícios poderá enraizar-se no Deus que está além dos caprichos do tempo e do espaço. Isso porque procuramos ancorar nossas vidas em algum bem mundano, mas esses apegos terrenos são, necessariamente, evanescente...

O “Pão” que nos alimenta, e transforma nossas misérias

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  O capítulo 6 do Evangelho de São João traz um discurso sobre o Cristo, verdadeiro pão da vida. Por isso, esse trecho que trata da multiplicação dos pães e peixes neste Evangelho de hoje deve ser lembrado nessa ótica. Estamos acostumados a ouvir pregações que ressaltam o aspecto da multiplicação ou até mesmo da partilha.  O que nos quer dizer o evangelho quando nos introduz na compreensão da Eucaristia mediante a multiplicação dos pães? Que a graça supõe a natureza; que a redenção não anula a criação, mas constrói em cima dela.  Quer dizer que na Eucaristia há uma continuidade e uma harmonia entre a realidade material e a graça espiritual.  Assim, de que é o sinal do pão antes da consagração? É sinal da fecundidade da terra, do trabalho do homem, da solicitude do pai de família, do alimento, da unidade.  E depois da consagração de que sinal é o pão? Do sacrifício de Cristo, do seu amor sem limites para o homem, do alimento espiritual, da unidade do corpo de Cri...

Aquele que ouve a palavra e a compreende, esse produz fruto

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  Talvez o leitor, ao se deparar com a parábola, surpreenda-se com tais critérios: ele, semeador, faz a semente da Palavra cair em todos os tipos de solo.  Todavia, aqui é preciso atinar para alguns importantes elementos. O leitor ainda nem passou do capítulo 13 de Mateus e observa que o próprio Jesus já tinha se deparado com todos estes tipos negativos de solo.  Basta um breve olhar para perceber.  A semente caída na beira do caminho, logo consumida pelos passarinhos, faz lembrar a Palavra arrebatada pelo Maligno (Mt 13,18). Algo semelhante tentaram fazer os fariseus com o Senhor Jesus: eles atribuíram a Beelzebu a força que sustentava suas ações (Mt 9,34; 12,24). Até já haviam deliberado sobre como matar Jesus (Mt 12,14).  Quanto ao destino da semente caída em solo pedregoso ou em meio a espinhos, os mesmos traços se podem vislumbrar nas palavras de Jesus acerca das cidades à beira do lago: Corazin, Betsaida, Cafarnaum. Elas foram muito agraciadas pela presenç...

A Palavra de Deus, embora poderosa, submete-se à qualidade do coração

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  Esta parábola, das mais conhecidas, revela a força e a autenticidade da Palavra de Deus. Ela tem em si mesma a capacidade de produzir cem por um.  Ao mesmo tempo Jesus ensina que, sendo poderosa, a palavra é simples e humilde como a semente, submete-se à qualidade da terra. Arrisca morrer mesmo sem razão, sem motivo, sem que daí surja o fruto esperado.  A Palavra é o próprio Jesus que se sujeita à pobreza daqueles que o escutam. Arrisca ser pisado, esmagado, sufocado pela dureza, pelos interesses e pelas preocupações dos homens. O homem experimenta diversas dificuldades ao longo da vida. Este caminho diário de encontro e confronto consigo próprio, com os outros e com Deus, não é fácil.  O confronto com as necessidades, as limitações, os sacrifícios e as renúncias, mesmo quando é em busca de um bem maior, é um confronto sério e de grande tensão tanto a nível físico como a nível espiritual.  A tentação de pensar a felicidade desejada como uma vida fácil, cômoda ...

Ser cristão é sempre procurar viver como Jesus

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  Estamos no início de uma seção do Evangelho que se desenvolve entre a saída da Galiléia e a ida a Jerusalém, na qual Jesus passa quase todo o seu tempo na formação de um grupo de discípulos que deverão ser, depois de sua ascensão, os pastores da comunidade. Procedendo assim, ele não abandona o povo para cuidar de uma elite; não se separa das massas; somente procura seu bem de modo diferente; toma providências em vista do futuro de seu Reino. Hoje diríamos: preocupa-se com o futuro da Igreja.  Nesta formação dos futuros pastores das comunidades, Jesus alterna a “ação” (o envio em missão) e a “contemplação”; o contato com as multidões e a solidão com ele. Nesta última, ele os educa à oração (cf Lc 11:1ss) e os instrui sobre os mistérios do Reino (cf Mc 4:10s).  Ao longo da história da salvação, Deus foi mandando guias e pastores ao seu povo para que o organizassem e lhe dessem a segurança necessária frente às incursões de outros povos e ao oportunismo de falsos líderes. H...

O Êxodo - um caminho de transformação

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  “A massa era sem fermento, pois foram expulsos do Egito com tanta pressa que não tiveram tempo de preparar alimento para a viagem.” Êxodo‬ ‭12:39‬ Do Egito não se traz nada. Quem tem a desventura de cair na escravidão não pode esperar trazer as mãos cheias.  As ilusões de uma terra abundante em trigo na qual o José fora governador, que exportava cereais para toda a parte, desfizeram-se em nada. Vêm descalços e sem provisões.  Do pecado sai-se sem nada. As ilusões de ter, de alcançar, de subir, de obter, perdem-se rapidamente ao chegar à realidade.  “Deem graças àquele que guiou seu povo pelo deserto. Seu amor dura para sempre!” Salmos‬ ‭136:16‬ O êxodo para casa do Pai também não é lugar de privilégios, é deserto, tempo de silêncio, para voltar ao coração e limpar os pés da lama do Egito. O caminho para o Pai é espaço de desprendimento, renúncia e encontro consigo mesmo.  O caminho do êxodo é tempo para purificar-se, conhecer-se, curar-se, libertar-se e prepar...

Vinde a mim todos vós que estão cansados

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  Jesus percebe que os homens assumem as responsabilidades da vida como fardos pesados que colocam sobre si próprios e simultaneamente vivem a tentação de atirar fardos para cima dos outros.  São as questões pessoais, as responsabilidades familiares e sociais, o trabalho de cada dia e as dificuldades espirituais.  Tudo é visto como um fardo que impede o homem de ser feliz. Perante essa análise, Jesus, convida os homens a estar com Ele, a procurá-lo e a encontrar nele o alívio, aprendendo a viver sem a ganância que tira a paz e inquieta o coração. Para termos um bom descanso, para restaurar as energias e forças que gastamos precisamos lembrar que o último sentido da vida não se esgota somente no trabalho, no esforço e na luta. Pelo contrário, se revela a nós na alegria da partilha, na amizade, na convivência com todos. Precisamos enraizar nossa vida em Deus, fonte do verdadeiro e definitivo repouso. Há um descanso que só se pode encontrar no mistério de Deus acolhido em no...

A principal preocupação de Jesus frente a oposição

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  Qual o lugar para onde os enviados devem se dirigir? Haverá espaços que podem frequentar e outros que lhe são vedados? Quem tem poder para impedir o acesso a determinados locais e como é que os profetas e os apóstolos devem reagir?  Amós, o profeta, é repreendido pelo sacerdote Amazias por profetizar no santuário real de Betel e dizer coisas que desagradavam ao rei e aos que estavam ao serviço do templo (7:12-15). O profeta responde que quem o mandou foi o Senhor e não deixará de dirigir a Palavra ao povo de Israel quer as autoridades queiram quer não.  Aos doze, que Jesus envia em missão, são dadas instruções para poderem caminhar e responder quer sejam acolhidos quer sejam rejeitados. Os enviados têm que estar sempre preparados para tudo. 1. Os enviados de Jesus – Jesus torna os doze participantes da sua missão ao mesmo tempo que Ele percorria as aldeias a ensinar depois de ter sido rejeitado na sua terra (Mc 6,1-6).  O envio dos discípulos, dois a dois, em comun...

Vivo a esperança da vitória do bem sobre o mal

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  O bem feito por Deus revela-se maior que o mal dos homens, por isso, cada um deve saborear a bondade de Deus para consigo e preparar-se para o juízo divino que não será determinado pelas mãos dos homens.  José aparece como imagem de Cristo. Sonhador, é vendido pelos irmãos para que encontre a morte, mas a sua sorte supera o esperado pelos irmãos. Aquele que eles queriam ver morto é quem os vai salvar da fome.  Jesus é este que, vendido para ser condenado à morte, termina vitorioso na ressurreição para salvar aqueles que o condenaram. É esta a experiência que somos chamados a viver. Gastar a vida para que muitos possam encontrar a vida e estar dispostos a morrer para salvar os outros. No Evangelho segundo Mateus 10,24-33 o Senhor nos alerta acerca dessa realidade desafiadora: “Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares.” (25b) Decorre do batismo que todos somos discípulos missionários de Cristo no meio do mundo. Não somos discípulos por ...

Só a firmeza na fé entregue aos apóstolos nos faz felizes

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  Jesus foi a cidade Cesaréia de Filipe; o nome Cesaréia é uma homenagem à César; era imperador e deus para seus súditos. Portanto, Jesus está numa cidade do Homem e para o homem; um lugar que, de algum modo representa o mundo. Um mundo das três concupiscências: da carne, dos olhos e da soberba da vida; infectado pelo pecado, cego, longe de Deus.  E ali Ele pergunta aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Ou seja, quais são as opiniões circulantes a meu respeito?    A essa enquete respondem: uns dizem João Batista, outros Elias, outros Jeremias, ou algum dos outros profetas. O mundo tem opiniões sobre Cristo. Mas o Senhor pergunta a eles: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” E Pedro responde: “Tu és o Cristo (Messias), o Filho do Deus vivo!” Inspirado pelo Espírito Santo, Pedro usa o artigo definido “o” em sua afirmação; assim ele está confessando Jesus como o Deus. Em grego, não há artigo indefinido; logo o natural seria dizer “Tu és ‘um’ filho...

É na comunhão com os irmãos que podemos encontrar o verdadeiro alicerce

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  Jesus realiza o pedido de Tomé e esclarece que, ver não é crer e quem não vê e acredita é mais feliz do que quem vê. Tomé, perante o acontecido, revela num ato de fé, a divindade daquele que morreu e ressuscitou. Perante o relato do encontro de Jesus com Tomé detenho-me a meditar sobre a minha condição de homem que crê e duvida.  A fé não é um conhecimento total, claro, evidente e comprovado pelos meus sentidos. Por isso me assaltam tantas dúvidas. Jesus vê as minhas dúvidas e conhece as minhas dificuldades na experiência de fé.  E eu vou dizendo ao longo do caminho, “Creio”, mesmo sem ver, na esperança de poder ver um dia. Esta certeza incerta leva-me a dar passos seguros de acordo com o evangelho. Mas em mim há também uma incerteza certa, que tantas vezes me limita o andar e me faz parar na noite. É fácil perder-me na noite e insistir como Tomé na necessidade de ver. “membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, ...