É na comunhão com os irmãos que podemos encontrar o verdadeiro alicerce
Jesus realiza o pedido de Tomé e esclarece que, ver não é crer e quem não vê e acredita é mais feliz do que quem vê. Tomé, perante o acontecido, revela num ato de fé, a divindade daquele que morreu e ressuscitou.
Perante o relato do encontro de Jesus com Tomé detenho-me a meditar sobre a minha condição de homem que crê e duvida.
A fé não é um conhecimento total, claro, evidente e comprovado pelos meus sentidos. Por isso me assaltam tantas dúvidas. Jesus vê as minhas dúvidas e conhece as minhas dificuldades na experiência de fé.
E eu vou dizendo ao longo do caminho, “Creio”, mesmo sem ver, na esperança de poder ver um dia. Esta certeza incerta leva-me a dar passos seguros de acordo com o evangelho. Mas em mim há também uma incerteza certa, que tantas vezes me limita o andar e me faz parar na noite. É fácil perder-me na noite e insistir como Tomé na necessidade de ver.
“membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular.” (Efésios 2:19,20).
Paulo na carta aos efésios (Efésios 2,19-22) recorda a estrutura da vida cristã. Cristo é a pedra angular e nele assenta todo o edifício espiritual. É em união com Cristo que se pode falar dos apóstolos como alicerces. A nossa união com Cristo graças ao evangelho anunciado pelos apóstolos faz de nós concidadãos, família de Deus, morada de Deus no Espírito Santo.
Não podemos esquecer que a fé que professamos é uma herança que nos foi transmitida pela experiência pascal dos apóstolos. Ninguém mais teve esta experiência para além deles.
A novidade de Cristo, filho de Deus, ressuscitado pelo Pai após a morte na cruz, não é uma invenção, mas uma experiência pessoal que os onze viveram na primeira pessoa.
Tomé, um dos doze, mostra com a sua experiência relatada pelo evangelista João que é na comunhão com os irmãos que podemos encontrar o verdadeiro alicerce. A fé cristã encontra em Cristo ressuscitado o seu verdadeiro fundamento.
Se Cristo não ressuscitou, dirá Paulo, é vã a nossa fé. Portanto, em Cristo tudo encontra a sua justa medida, “toda a construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo do Senhor” e, em união com os apóstolos somos edificados e tornados cidadão e morada de Deus.
É difícil fazer a experiência da fé sem referir-se àqueles que Jesus escolheu para serem o princípio da Igreja, a construção edificada sobre a pedra angular.
Muitas vezes queremos afirmar a fé nEle e rejeitar a Igreja (militante e triunfante) com seu legado de mais de 2000 anos, como lugar necessário para fazer parte da construção bem ajustada em que somos inseridos pelo batismo.
Tomé também pensou poder viver sem essa referência aos irmãos que se reúnem na mesma fé, sem esse encontro com o Corpo de Cristo, sem O celebrar com os irmãos. Depressa ele se deu conta do vazio da fé sem a comunidade. Dá-nos, Senhor, a consciência da vida comunitária como experiência fundante da nossa fé.
Orar a Palavra
Depressa Tomé se deu conta do vazio da fé sem a comunidade. Dá-nos, Senhor, a consciência da vida comunitária como experiência fundante da nossa fé.
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