A Palavra de Deus, embora poderosa, submete-se à qualidade do coração
Esta parábola, das mais conhecidas, revela a força e a autenticidade da Palavra de Deus. Ela tem em si mesma a capacidade de produzir cem por um.
Ao mesmo tempo Jesus ensina que, sendo poderosa, a palavra é simples e humilde como a semente, submete-se à qualidade da terra. Arrisca morrer mesmo sem razão, sem motivo, sem que daí surja o fruto esperado.
A Palavra é o próprio Jesus que se sujeita à pobreza daqueles que o escutam. Arrisca ser pisado, esmagado, sufocado pela dureza, pelos interesses e pelas preocupações dos homens.
O homem experimenta diversas dificuldades ao longo da vida. Este caminho diário de encontro e confronto consigo próprio, com os outros e com Deus, não é fácil.
O confronto com as necessidades, as limitações, os sacrifícios e as renúncias, mesmo quando é em busca de um bem maior, é um confronto sério e de grande tensão tanto a nível físico como a nível espiritual.
A tentação de pensar a felicidade desejada como uma vida fácil, cômoda e com bens em abundância, é causa de muitas desilusões. É necessário olhar a presença de Deus na trama dos acontecimentos diários, nas alegrias e tristezas, nas dores e angústias como nas esperanças e sonhos.
Deus ouve as murmurações e ele dá de comer ao seu povo o pão de cada dia (cf Êxodo 16,1-5.9-15; Sl 78). Pensar a vida sem Deus é pensá-la devorado pelo medo da fome. Olhar a vida como lugar de encontro com Deus é pensá-la com Moisés, como tempo do pão para hoje.
Sinto a força das palavras finais “quem tem ouvidos, ouça” (Mt 13:9). É como um ultimato.
Torna-se um míssil que me atinge profundamente e me recorda as vezes em que a palavra não encontrou em mim qualquer reação, qualquer acolhimento, qualquer interesse.
Insensível que sou, tantas vezes, à palavra, fico estéril, sem produzir o fruto esperado ou produzindo tão pouco que não justifico o empenho do semeador.
Por que será que faço assim com a palavra de Deus, se presto tanta atenção às palavras dos homens? Há qualquer coisa em mim que não me deixa ser terra boa onde a palavra pode produzir em abundância.
Fiquemos atentos como a multidão que estava às margens do mar da Galileia. Coloquemo-nos em pé e ouçamos as palavras de vida que o Senhor quer semear em nossos corações.
As nossas vidas são o terreno onde o Senhor deseja semear. É dele a iniciativa de lançar as sementes e a nós cabe a decisão e o esforço por nos tornarmos um bom terreno para fazê-las germinar.
Deixemos de lado os nossos egoísmos, invejas, raivas e tudo aquilo que nos impede de termos um coração amoroso. Um coração que ama é um coração habitado por Deus e um coração habitado por Deus é um bom terreno.
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