Só a firmeza na fé entregue aos apóstolos nos faz felizes

 

Jesus foi a cidade Cesaréia de Filipe; o nome Cesaréia é uma homenagem à César; era imperador e deus para seus súditos. Portanto, Jesus está numa cidade do Homem e para o homem; um lugar que, de algum modo representa o mundo. Um mundo das três concupiscências: da carne, dos olhos e da soberba da vida; infectado pelo pecado, cego, longe de Deus. 

E ali Ele pergunta aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Ou seja, quais são as opiniões circulantes a meu respeito?  A essa enquete respondem: uns dizem João Batista, outros Elias, outros Jeremias, ou algum dos outros profetas. O mundo tem opiniões sobre Cristo. Mas o Senhor pergunta a eles: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” E Pedro responde: “Tu és o Cristo (Messias), o Filho do Deus vivo!”

Inspirado pelo Espírito Santo, Pedro usa o artigo definido “o” em sua afirmação; assim ele está confessando Jesus como o Deus. Em grego, não há artigo indefinido; logo o natural seria dizer “Tu és ‘um’ filho do Deus vivo”; não, Pedro diz: “Tu és *o* Filho do Deus vivo”. Entrando na intimidade de Deus, revela o mistério da Trindade; há ‘o Filho’ e ‘o Pai’. Pedro está dizendo que aquele homem é Deus. 

De fato Jesus exulta: 

“Então Jesus lhe afirmou: — Bem-aventurado é você, Simão filho de Jonas (Jonas significa pomba em grego), porque não foi carne e sangue (ser-humano) que revelaram isso a você, mas meu Pai, que está nos céus.”

Graças a esta revelação Eu te digo:

“Também eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

O novo nome dado a Simão por Jesus é Pedro ( significa pedra, rocha). Aqui é o primeiro momento que o Senhor fala sobre a fundação da Igreja. No Sermão da Montanha (Mateus 7) Ele conclui dizendo: “Aquele que obedece as minhas palavras e põe em prática é semelhante a quem constrói sua casa sobre a ‘rocha’. 

Jesus está dizendo agora: Eu estou construindo a minha igreja sobre a ‘rocha’. Essa ‘rocha’ é, simultaneamente, a revelação sobrenatural emitida por Pedro, e a pessoa do discípulo justamente por confessar uma fé sólida a ele revelado. 

Seu nome era Simão; quando começa a crer se torna Pedro. E por fazer sua profissão de fé sobrenaturalmente, ele se torna a ‘pedra’ sobre a qual Cristo edificará Sua igreja. Portanto, a igreja está edificada sobre algo que é sólido. Ainda mais, caberá não só a ele mas a todos os ministros conservar a solidez dessa fé. Essa fé precisa ser firme, estável, segura; não pode ser variante, cambiante, mutável; que está ao sabor daquilo que está acontecendo.

São Paulo fala a respeito disso em sua carta aos Efésios:

“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como crianças, arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro por qualquer vento de doutrina, pela artimanha das pessoas, pela astúcia com que induzem ao erro.”

‭‭(‬ ‭4:11-14 ‭)

Não podemos ficar à mercê de todo vento de doutrina, da malignidade dos homens, das suas vãs filosofias e inúteis ideologias. 

Isso significa estar fundado sobre a Rocha da fé! Qual é o problema? Vivemos numa sociedade em crise, numa civilização que se está decompondo. Um famoso contemporâneo, sociólogo polonês Zygmunt Bauman“ disse: “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”.

Tudo é fluido; não tem mais estabilidade, solidez. Tudo se está liquefazendo. E nós todos corremos o risco de querer criar uma igreja líquida. Há alguns entre nós que defende que a igreja precisa se adaptar ao Mundo, se não corre o risco de ser irrelevante. Essa mensagem sedutora desses falsos mestres é exatamente ao contrário do que diz o Evangelho.

Jesus não disse ‘bem-aventurado Simão porque não foi o Pai que te revelou; mas ao analisar o império romano, a idolatria de Cesaréia de Filipe, então foi a carne e o sangue que te revelaram isto. E por isso eu te digo: 

Tu és ‘areia’ e sobre ela irei desfazer qualquer coisa, inclusive minha igreja. Porque ela não pode ser estável; tem que estar sempre revolucionada. Tragada pelo Hades (inferno) a igreja líquida irá sucumbir.’

O maior serviço que a igreja de Cristo pode dar é permanecer apostólica. Mantendo fielmente sua fé e moral, sem recuar em nenhum momento. Pressão violenta e astuta para transformar a “Pedra” em “Areia” sempre haverá; nesses últimos dias ainda mais forte. 

O nosso compromisso não é com a moda do mundo mas com a fé apostólica, com a verdade, com o bem objetivo. Oremos pela Igreja para que possamos lutar com a solidez de Pedro. Com a solidez que nos faz felizes: “Feliz és tu filho de Jonas, que não foi o ser-humano quem te revelou isso, mas o meu Pai que estás nos céus.”

Só a firmeza na fé entregue aos apóstolos nos faz felizes e serenos, em paz com Deus; só assim as portas do Hades não prevalecerão.