O “Pão” que nos alimenta, e transforma nossas misérias

 


O capítulo 6 do Evangelho de São João traz um discurso sobre o Cristo, verdadeiro pão da vida. Por isso, esse trecho que trata da multiplicação dos pães e peixes neste Evangelho de hoje deve ser lembrado nessa ótica. Estamos acostumados a ouvir pregações que ressaltam o aspecto da multiplicação ou até mesmo da partilha. 


O que nos quer dizer o evangelho quando nos introduz na compreensão da Eucaristia mediante a multiplicação dos pães? Que a graça supõe a natureza; que a redenção não anula a criação, mas constrói em cima dela. 


Quer dizer que na Eucaristia há uma continuidade e uma harmonia entre a realidade material e a graça espiritual. 


Assim, de que é o sinal do pão antes da consagração? É sinal da fecundidade da terra, do trabalho do homem, da solicitude do pai de família, do alimento, da unidade. 


E depois da consagração de que sinal é o pão? Do sacrifício de Cristo, do seu amor sem limites para o homem, do alimento espiritual, da unidade do corpo de Cristo. 


“Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.”


O fruto da Eucaristia não tem limites; é para todos. Aqueles que participam da multiplicação devem partilhar depois com os irmãos a força e a luz que receberam dela; tornar-se eles mesmos pão a ser partido, isto é, Eucaristia. Nada deve se perder! 


É condenado o egoísmo e individualismo, causas principais da ineficácia de tantas Eucaristias. A Eucaristia de Jesus tem a mesma lei da “ágape”; é feita para ser partilhada, para socorrer um e outro; quem a recebe deve tornar-se como Ele, um dom para os outros.


Então, a questão principal é o Cristo que sacia a fome de uma multidão, como o messias prometido, o profeta anunciado no antigo testamento. Porém, não como um rei triunfal, mas como um servo sofredor. Por isso, o evangelista evidencia que Cristo é o prometido, mas se retira quando querem proclamá-lo rei.


Jesus não quer o protagonismo de uma liderança individualista porque esse caminho não compromete as pessoas e limita-se a formar um grupo de seguidores passivos, sempre à espera que outros resolvam os seus problemas… Jesus não quer servos ou vassalos, mas amigos (Jo 15,14-15) que participem com Ele na construção do Reino, que atuem como Ele, indo ao encontro das necessidades dos outros…


Sim, nós cremos nesta verdade, Nosso Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro pão da vida. Pão que nos alimenta, e transforma nossas misérias. O menino que tinha apenas pães e peixes, representa cada um de nós, que devemos ofertar o pouco que temos, o pouco que somos e as nossas misérias para Jesus transformá-las em grande fartura.

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