Indignação: dever cívico e cristão
É uma reação de inconformidade e de repúdio ao mal, ao erro, à injustiça. Corretamente entendida, a indignação pode ser uma atitude não apenas aceitável, mas absolutamente necessária para que certas situações sejam transformadas. Sentir indignação significa reagir diante do mal, não ficar passivo e indiferente, protestar ativamente contra aquilo que atenta contra a verdade, contra a justiça, contra a dignidade humana.
Precisamos protestar e clamar contras essas indignidades de maneira vigorosa e ao mesmo tempo inteligente e criativa. Um belo exemplo desse tipo de iniciativa é o movimento Rio de Paz, da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca, pastoreada pelo Rev. Antônio Carlos Costa, que por meio de ações silenciosas, mas de grande dramaticidade (como colocar milhares de cruzes numa praia), procura sensibilizar governantes e opinião pública para os números da violência no Brasil. Todos nós podemos fazer telefonemas, enviar e-mails, contatar os nossos representantes, apelando contra a impunidade, reivindicando leis mais rigorosas, exigindo maior responsabilidade e eficiência das autoridades.
É compreensível o sentimento de impotência e desalento que toma conta de muitos brasileiros de boa vontade, inclusive nas nossas igrejas, diante de vícios tão antigos, poderosos e arraigados que existem em nossa sociedade. Tem-se a impressão de que será impossível extirpá-los do nosso meio. No entanto, a experiência de outros povos mostra que não precisa ser assim. Na Inglaterra do século 18, a indignação e as ações concretas de muitos líderes cristãos, como o político William Wilberforce, contribuíram para o fim do tráfego de escravos e a eliminação do trabalho infantil. Nos Estados Unidos, já no século 20, o protesto do pastor Martin Luther King iniciou o vigoroso movimento que resultou no fim da segregação racial.
Fiquemos indignados de maneira correta, pelos motivos corretos -- é nosso dever como cristãos e como cidadãos. A assertividade é uma porta que se abre para o acordo e para a paz.
Fonte: Ultimato, de Alderi Souza de Matos
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