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Mostrando postagens de agosto, 2021

O confronto entre o Evangelho e as vozes do mundo

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  Os cristãos enfrentam a adversidade do mundo e o perigo de abandonar a comunidade e diluir-se de novo nos valores corrompidos da sociedade.  Visto assim, percebemos a preocupação de São Lucas por mostrar a doutrina de Jesus em toda a sua força, o confronto entre esta doutrina e as vozes do mundo, a recusa de Jesus por parte dos pagãos, o poder da palavra de Jesus e finalmente a conversão dos resistentes e a admiração da comunidade. Esta reação tantas vezes intolerante é fruto de uma convicção errada de que já conhecem Jesus, já sabem quem ele é, e até são capazes de dizer que ele é o “Santo de Deus”.  Dominados pelo erro tornam-se duros e incapazes de acolher a verdade e seguir Jesus.  Se anunciarmos a Palavra com um testemunho corajoso no meio do mundo, os homens do nosso tempo também abandonarão o espírito de rejeição e farão a profissão da verdadeira fé no meio da assembleia, ante a admiração de todos os crentes. Se até os espíritos impuros o reconhecem, como po...

O que habita em seu interior é o que importa

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  O Evangelho de hoje é o da concretude e da coerência cristã: a coerência entre as palavras e os fatos, entre a profissão de fé e a prática da vida. Jesus, com estas palavras, não deixa muitas ilusões a ninguém. A identidade de Israel e sua superioridade sobre os outros povos nascem da Lei (Dt 4,1-2.6-8); ela lhes faz perceber seu Deus “perto deles”, como nenhuma outra religião o é em relação a outros povos, e isto porque a lei encarna a vontade de Deus.  A observância dos mandamentos é a condição para entrar na Terra Prometida: Se queres entrar na vida, observa os mandamentos (Mt 19:17); fazer a vontade do Pai é um dos temas constantes do Evangelho. Mas a novidade mais profunda é outra. Jesus dedica todo o sentido da Lei do exterior para o interior, dos lábios para o coração, de fora do Homem para dentro dele. Assim Jesus coloca de fato “o machado à raiz”, como havia afirmado João Batista.  Parece que o coração pode estar inclinado para uma determinada direção e a boca ...

Permitir que o Espírito controle a mente resulta em vida e paz.

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  “Na criação dos seres, a causa primeira de tudo o que existe é o Pai, e a causa instrumental é o Filho, a causa aperfeiçoadora é o Espírito. É pela vontade do Pai que os espíritos criados subsistem, é pela força operativa do Filho que são conduzidos ao ser, é pela presença do Espírito que chegam a perfeição… Se tentas tirar o Espírito da criação todas as coisas se misturam e a vida delas aparece sem lei, sem ordem, sem qualquer determinação.” São Basílio  Isso significa que o Espírito Santo é aquele que faz passar o universo, a Igreja e cada pessoa, do caos ao cosmos, ou seja: da desordem à ordem, da confusão à harmonia, da deformidade à beleza, do velho ao novo.  Não mecânica e abruptamente, mas no sentido que está trabalhando nela e guia a sua evolução para uma finalidade. Ele é aquele que sempre “cria e renova a face da terra” (cf Sl 104,30). São Basílio destaca maravilhosamente a ação do Espírito Santo na purificação da alma do pecado, em seu aperfeiçoamento pela il...

Quem nunca passou por uma crise de fé?

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  Quem nunca passou por uma crise de fé? E quem não conhece pessoas que se interrogam sobre o sentido da vida e a resposta dada pelos Evangelhos? Todos passamos por momentos de crise e, algumas vezes, procuramos respostas em ideologias e filosofias, na maior parte dos casos, passageiras e sem horizontes de eternidade. Vê-se que nossas escolhas são instáveis, modificam-se por ser mutáveis nossa natureza humana; nada há de definitivo e irreversível em nossa vida a não ser a morte; temos sempre a tentação de depois de ter posto a mão no arado voltar atrás (Lc 9:62).  Assim, nossa vida é um contínuo fazer e desfazer. Oscilamos continuamente entre os dois polos de atração que são Deus e o mundo (dinheiro, status, prazer). E eis, então, que tomam posse em nosso coração os ídolos; há um bezerro de ouro em cada pessoa. Basta que nos escutemos enquanto falamos para descobrir qual é o ídolo, já que - como disse Jesus - a boca fala do que está cheio o coração (cf Mt 12,34). O discurso de...

A graça não é só um dom: é uma responsabilidade

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  O texto oferece o tema do reino dos céus e descreve-o como um banquete para o qual o rei manda entregar convites aos escolhidos. A festa está preparada, são as bodas do filho do rei. Os convidados são essenciais para que haja festa, mas estes não comparecem e tomam uma atitude de força frente ao rei, não são dignos. É muito fácil que uma pessoa esteja tão ocupada com as coisas da vida que se esqueça dos assuntos da eternidade; que esteja tão preocupado pelas coisas visíveis que se esqueça das coisas que não se vêem; que escute com tanta insistência os chamados do mundo que não escute o convite suave da voz de Cristo.  A tragédia da vida é que muito freqüentemente as coisas que ocupam o segundo lugar impedem de acessar as que ocupam o primeiro; são as coisas boas em si mesmas as que obstruem o acesso às coisas supremas.  O homem pode estar tão ocupado ganhando a vida que se esquece de construir sua vida. Pode estar tão ocupado com a administração e organização da vida qu...

Alguém conduz amorosamente a história

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  Maria é a mulher que, depois de aceitar ser a mãe do Salvador, estabeleceu um vínculo especial com o seu Filho, concebendo-o no seu seio e comprometendo-se a aceitar todas as consequências da sua disponibilidade em aceitar o projeto de Deus de salvar a humanidade. O caminho de Maria fica ligado ao caminho de Jesus. Ela está presente nos momentos principais da manifestação de Jesus, quando alguns mostram a sua adesão ao projeto de Jesus, e também nas circunstâncias em que há dúvidas, interrogações e rejeição por parte de outros. Também ela fez este percurso de descoberta e de aceitação nas diferentes fases da vida de Jesus, desde o nascimento até à morte na cruz. E foi este caminho feito em conjunto com o seu Filho que a levou a participar no sofrimento e na dor e, depois, na ressurreição e na glorificação. 1. O caminho de Maria – A jovem de Nazaré disse sim ao convite que o anjo lhe dirigiu para ser a mãe do Filho de Deus, mesmo sem lhe ser apresentado qualquer plano de desenvolv...

Uma honra que vem de Deus e não dos homens

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  É uma opção clara, mas nem sempre fácil de entender. O mundo apresenta-se com muita força e muita sedução. Tudo o que o mundo oferece é imediato e sensível e, portanto, mais atraente. Jesus fala de uma outra vida, de uma honra que vem de Deus e não dos homens. Para alcançar esta vida, muitas vezes, fica-se mal diante dos homens. Se o grão morre, ele germina e brota a vida, mas se ele se encerra e guarda para si a sua energia vital, permanece estéril. É uma ideia repetida em diversas ocasiões por Jesus, de quem se agarra egoisticamente à vida. Quem sabe entregá-la com generosidade gera mais vida. Sinto-me muitas vezes tentado a seguir a glória do mundo, a fama dos homens, o prestígio social e o sucesso imediato. Parece que isso é ganhar a vida Quem vive exclusivamente para seu bem-estar, seu dinheiro ou sua segurança, acaba vivendo uma vida medíocre e estéril. Quem se arrisca a viver em atitude aberta e generosa, difunde vida, irradia alegria, ajuda a viver.  Dar é garantia d...

Se tiverdes fé nada vos será impossível

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  Percebemos no relato que o homem se aproximou de Jesus porque tinha o filho doente e os discípulos também se aproximaram de Jesus porque não foram capazes de o curar.  Tanto um como os outros não perceberam que aproximar-se de Jesus exige a fé. Por isso Jesus reage de modo tão inesperadamente brusco e irritado. Nem os apóstolos, nem o homem, nem os presentes, mostram a fé necessária para acontecer o dom de Deus que é mais que a simples cura de um jovem epilético.  A busca do deus dos milagres não é a busca do Deus verdadeiro. Jesus cura muitas pessoas, acolhe os que padecem, mas não permite que o confundam com um curandeiro, com um deus menor, com um moço de recados sempre disponível para fazer milagres com pré marcação.  A fé gera em nós uma capacidade de acolher a própria vida como ela é e uma confiança total na presença de Deus.  De Deus vem a força para abraçar a cruz e da fé o milagre de a carregar até ao fim.  As palavras de Jesus perguntam-nos pela...

Este é meu Filho amado. Ouçam-no!

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  Na Transfiguração do Senhor, se remete a    passagem de Daniel (7,9-10.13-14), onde aparece o “filho do homem”, que serve para mostrar que este Jesus que se transfigura no cimo do monte é aquele que recebeu o poder a honra e a realeza.  É aquele que se fez homem, mas está ao nível de Deus que tem na mão o fogo para julgar os poderes da terra que se opõem ao seu poder. Pedro dá testemunho (2Pd 1, 16-19) da sua presença no cimo do monte, quando Jesus se transfigurou e revelou ser ele o cumprimento de toda a lei e de todas as profecias, ao falar com Moisés e Elias.  Desta forma confirma que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que anuncia não está fundado em fábulas ou ilusões, mas na voz vinda do céu que dizia: «Este é o meu Filho muito amado, ouçam-no». Recebemos o Evangelho diretamente daqueles que viram e ouviram na primeira pessoa, por conviverem diretamente com o seu autor, Jesus Cristo.  O seu testemunho revela que esse Jesus em quem acreditamos e...

Precisamos aprender a nos nutrir da fé

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Todos têm o direito à sua subsistência, ao necessário para comer; mas, quando a satisfação desta necessidade se converte no único objetivo da vida, sem ter em conta toda a extensão dos direitos humanos no que se refere à liberdade, à relação com os outros e toda a criação, à justiça, à cultura, ao destino universal dos bens, então o homem fica escravo dos seus próprios desejos e apetites. O único fundamento do protesto do povo de Israel, no deserto, contra Moisés e Aarão, é a comida (Êxodo 16,2-4.12-15). Esta obsessão faz com que os membros do povo se esqueçam dos passos dados em ordem à sua liberdade e à capacidade de conduzir, por si mesmos e com Deus, a sua vida sem serem escravos do Egito.  Segundo Jesus, a multidão que O procura, não é porque tenha visto e acreditado nos sinais mas, “porque comeu dos pães e ficou saciada”. Quando a vida é determinada só pela necessidade de comer, parece que se esquece tudo e ofuscam-se todas as outras perspectivas. O homem não vive somente de ...