Precisamos aprender a nos nutrir da fé
Todos têm o direito à sua subsistência, ao necessário para comer; mas, quando a satisfação desta necessidade se converte no único objetivo da vida, sem ter em conta toda a extensão dos direitos humanos no que se refere à liberdade, à relação com os outros e toda a criação, à justiça, à cultura, ao destino universal dos bens, então o homem fica escravo dos seus próprios desejos e apetites.
O único fundamento do protesto do povo de Israel, no deserto, contra Moisés e Aarão, é a comida (Êxodo 16,2-4.12-15). Esta obsessão faz com que os membros do povo se esqueçam dos passos dados em ordem à sua liberdade e à capacidade de conduzir, por si mesmos e com Deus, a sua vida sem serem escravos do Egito.
Segundo Jesus, a multidão que O procura, não é porque tenha visto e acreditado nos sinais mas, “porque comeu dos pães e ficou saciada”. Quando a vida é determinada só pela necessidade de comer, parece que se esquece tudo e ofuscam-se todas as outras perspectivas.
Todos os bens materiais passam, tudo com o tempo se perde, só não se perdem as palavras de Deus e as boas obras que realizamos a partir delas. Dessa forma, o bem que fizermos, o amor e a partilha que nos propusemos a fim de demonstrar entrega e confiança em Deus não se perderá.
“Eu Sou o Pão da Vida” - Ele que é o nosso “pão”; então precisamos aprender a nos nutrir da fé e assim nos alimentarmos de Cristo. “A obra de Deus é que acrediteis naquele que o Pai enviou.” Assim, começa-se com um ato de fé, ou seja, expressar sua vontade em tomar posse daquilo que ensina a Palavra de Deus; é levar a inteligência à submissão ao Cristo.
“Que devemos fazer?”
Buscar o alimento que permanece para a vida eterna. Alimentar-se, começando com a Eucaristia; e então ler a Bíblia, meditar e contemplar a pessoa do Cristo - sua encarnação, vida, paixão, morte, ressurreição e assunção - e pela oração, pedir a iluminação da razão pelo Espírito Santo durante o tempo devocional. O justo vive pela fé; essa é um dom, uma graça recebida - precisamos do auxílio divino para que sejamos vivificados, alimentados, fortalecidos…
“Aquele que crê em mim, a minha Palavra permanece nele.” Então o ato de fé - acolhendo a Palavra em amor - possibilita-nos receber a graça atual.
O que Jesus oferece
– Jesus dá um pão diferente, não só do que Moisés deu no deserto, mas também do que Ele distribuiu pela multidão que O seguia… Não é como o dos antepassados, o de antigamente (que até era bom?!). É o pão das alternativas, das oportunidades, da diversidade, das descobertas…
– Não é um pão que dá as seguranças para tudo a ponto de não ser preciso procurar mais… Às vezes, parece que é este pão que as pessoas querem e o Evangelho dá a entender que as pessoas que foram ao encontro de Jesus também era isso que pretendiam, a ponto de se poderem explicar as palavras de Jesus com esta pergunta: “é a mim que procurais ou a vós próprios? A vossa segurança?”
– O pão que Jesus oferece é um pão novo: de cultura, de liberdade, de novos conhecimentos, de algumas frustrações também, de riscos que nos ajudam a compreender os nossos limites como pessoas… É diferente todos os dias porque não nos contentamos com o que os nossos pais nos contaram, embora respeitemos a sua memória…
– É o pão da renovação no mais íntimo do nosso espírito, do homem novo criado à imagem de Deus na justiça e na santidade verdadeiras (Efésios 4,17.20-24)…
– É o pão que desce do Céu para dar a vida ao mundo: é o próprio Cristo que se oferece a quem acredita n´Ele: quem se aproxima d´Ele nunca mais terá fome nem sede… Este pão é o da Eucaristia, dado por Deus, e que não é fruto de qualquer generosidade humana mas da entrega de Deus…
Por isso, nos alimentemos mais com o pão da palavra e o pão eucarístico que se entrega no altar diante dos nossos olhos, pois este alimento deve ser a nossa preocupação; ele nos salva e nos dá coragem para viver e enfrentar a cultura de morte que só visa o alimento material.
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