Permitir que o Espírito controle a mente resulta em vida e paz.

 


“Na criação dos seres, a causa primeira de tudo o que existe é o Pai, e a causa instrumental é o Filho, a causa aperfeiçoadora é o Espírito. É pela vontade do Pai que os espíritos criados subsistem, é pela força operativa do Filho que são conduzidos ao ser, é pela presença do Espírito que chegam a perfeição… Se tentas tirar o Espírito da criação todas as coisas se misturam e a vida delas aparece sem lei, sem ordem, sem qualquer determinação.” São Basílio 


Isso significa que o Espírito Santo é aquele que faz passar o universo, a Igreja e cada pessoa, do caos ao cosmos, ou seja: da desordem à ordem, da confusão à harmonia, da deformidade à beleza, do velho ao novo. 


Não mecânica e abruptamente, mas no sentido que está trabalhando nela e guia a sua evolução para uma finalidade. Ele é aquele que sempre “cria e renova a face da terra” (cf Sl 104,30).


São Basílio destaca maravilhosamente a ação do Espírito Santo na purificação da alma do pecado, em seu aperfeiçoamento pela iluminação até que chegue à intimidade com Deus, a sua semelhança. 


Essa tarefa do Espírito Santo pode ser ilustrada com a metáfora de Plotino:


Vamos, retorna a ti mesmo e olha; e, se ainda não te vês bonito, imita o autor de uma estátua, que tem de conseguir sua beleza: em parte bate com o cinzel, em parte aplaina, engrossa aqui, afina ali, até conseguir expressar um belo rosto na estátua.


Comentou São Basílio essa metáfora: 

Também tu, tira o supérfluo, endireita o que está torto, e, com o ímpeto de purificar o que é escuro fase que se torne brilhante e não cesse de atormentar a tua “estátua” até que o divino esplendor da virtude brilhe diante de ti.


Para o cristão, entretanto, não se trata de alcançar uma beleza abstrata, de construir uma bela estátua, mas de trazer à luz e tornar brilhante a imagem de Deus que o pecado tende constantemente a encobrir. 


Conta-se que um dia Michelângelo, passeando em um pátio de Florença, viu um bloco de mármore bruto coberto de poeira e lama. Parou de repente para contemplá-lo; depois, como iluminado por um súdito clarão, disse aos presentes: “Nessa massa de pedra está escondido um anjo; quero tirá-lo daí! E começou a trabalhar com o cinzel para moldar o anjo que havia vislumbrado. Assim acontece também conosco. Somos ainda massa de pedra bruta, tendo acima muita “terra” e muitos pedaços inúteis. Deus Pai nos olha e diz: “Neste pedaço de pedra se esconde a imagem do meu Filho; quero tirá-la daí, para que brilhe eternamente a meu lado no céu!” E para fazer isso usa o cinzel da Cruz, poda-nos (cf Jo 15,2).


Existe um ponto em que a transformação do ideal de Plotino em ideal cristão permaneceu incompleta, ou pouco explícita. Diz São Paulo: “Se pelo Espírito fizerdes morrer o procedimento carnal, então vivereis.” Os apóstolos não receberam o Espírito em Pentecostes porque se tornaram fervorosos; tornaram-se fervorosos porque receberam o Espírito. 


Oremos:

Ó vinde Espírito criador; visita os teus fiéis no profundo, derrama a plenitude da graça nos corações que criastes somente para ti. 

Hino do Veni Creator


Fonte: 

Nos ombros de gigantes - as grandes verdades da fé meditadas e vividas com os Padres da Igreja; por Raniero Cantalamessa

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