A pedagogia da convivência
Jesus
distinguiu-se como educador por dar atenção às pessoas, aos seus anseios, suas necessidades
e suas expectativas, e por não seguir os princípios dos professores da época,
no caso os rabinos, que faziam uma interpretação legalista da lei.
Cury comenta a ação
educativa de Jesus ao analisar o seu relacionamento com os diferentes discípulos
(CURY, 2003: p. 83):
Ele queria libertar os cativos e os oprimidos.
Também queria libertar os cegos, não apenas os cegos cujos olhos não vêem, mas
cujos corações não enxergam. Os cegos que têm medo de confrontar-se com suas
limitações, que não conseguem questionar qual é o seu real sentido de vida. Os
cegos que são especialistas em julgar e condenar os outros, mas que são
incapazes de olhar para as suas próprias fragilidades.
A
pedagogia de Jesus é centrada na pessoa humana; a dignidade e o respeito ficam destacados
nas diversas ações que realiza. Essas ações apontam para uma metodologia participativa
e de interação entre educandos e educadores (CELADEC, 1996: p. 5). O texto
bíblico “A caminhada para Emaús” ressalta
este método pedagógico de Jesus que serve de modelo para a educação a ser desenvolvida
pela Igreja.
A
educação só será autêntica quando estiver vinculada com a vida. Deverá ser instrumento
que ajude as pessoas a refletir suas vidas e seja balizador para as tomadas de
decisões. Deverá dar continuidade ao processo de amadurecimento até o encontro
da plena humanidade aspirada pelo ser humano. Deverá, ainda, dar instrumental de
análise e crítica para, na medida do possível, as pessoas serem agentes de
transformação com voz e vez, libertadas, capacitadas e seguras neste mundo (Zélia
Constantino).
A educação
cristã é um processo dinâmico que “se dá na caminhada da fé, e se desenvolve no
confronto da realidade histórica com o Reino de Deus”.
Da
mesma forma que no relato de Lucas — em que dois discípulos precisavam de compreensão, transformação, libertação e
capacitação —, há pessoas em nosso meio que disso também precisam. Schipani
afirma que o “texto da caminhada para Emaús abre uma janela para a prática do ministério
cristão como uma forma de acompanhamento no caminho da vida”.
Aos
que se encontram na condição de educadores cristãos indagamos: que janela é esta?
Qual é a nossa tarefa docente? Que importância e valor a pedagogia tem para a
nossa ação educativa? Que ação educativa pode ser desenvolvida à luz do texto
bíblico? Onde se encontra o “outro” em nossa caminhada? Onde nos encontramos na
caminhada do “outro”? Onde Cristo se encontra em nossa jornada de vida e de fé?
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