AMIGOS EM MISSÃO

"O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade". (Provérbios 17:17 NVI)

Tenho aprendido que são pessoas que dão sentido à nossa vida. Os amigos, assim como muitos de nossos valores, são impenhoráveis, inegociáveis. Enquanto reflito, lembro-me de um poema que ressalta o valor do outro, até mesmo nos acontecimentos mais singelos do nosso dia-a-dia.

Um amigo é a maior felicidade que pode ter.
Todas as coisas boas da vida ficam sem graça se não podem
ser compartilhadas com um amigo.
É o amigo que torna possível a alegria.
Sem um amigo as melhores coisas ficam tristes.
Enquanto escrevo ouço "as variações de Golderg", de Bach.
São lindas. Mas sua beleza se transformaria em alegria se um
amigo as ouvisse comigo.
[...]
E o banho de cachoeira? O que torna o gelo da água uma
coisa alegre são as risadas dos amigos.

Ao contrário do que muitos pensam, nossa missão nesta vida precisa transcender a dimensão funcional, prática, utilitária, até atingir a dimensão relacional. Somos filhos da cultura pragmática. Procuramos utilidade em tudo, e acabamos procurando amigos como quem compra utensílios domésticos - "este serve, aquele não"; "este é bonito, aquele não"; ou "para este há perdão; para aquele, não". Isto é desastroso. 

Fomos educados em uma cultura lúdica e que valoriza o princípio do menor esforço. Desde muito cedo aprendemos que o que é bom são os finais de semana e as férias. Então pensamos, equivocadamente, que a vida cristã nos convida para um cruzeiro sobre o Atlântico. Não é assim. Toda missão tem um preço. Para uns esse preço é a reputação; para outros, a própria vida.

Essa recusa de conhecer a si mesmo provoca alagamentos na alma, até compreendermos o motivo principal da nossa existência: ir ao encontro do outro. Que compreensão: nascer para ir semear amor e perdão àqueles que, por alguma razão, não o merecem. Oferecer possibilidade de redenção, cura e nova vida.

O sentido de nossa existência, portanto, é estarmos preparados para responder a estas perguntas, consideradas irrelevantes neste tempo denominado pós-moderno: "Por que eu vivo?"; "Por quem eu vivo?"; "O que eu posso fazer pelo mundo?". Quando nos deixamos atingir pela mensagem de Deus, o reino externo vai se ajustando aos princípios intrínsecos dessa mensagem. Na verdade, devemos procurar desenvolver nossas aspirações para o ser, mais do que para o ter. Devemos procurar desenvolver nossos potenciais afetivos, sendo nós mesmos em plenitude.

Não podemos fugir ao cumprimento único e insubstituível de nossa missão. Caso contrário, a vida, de alguma forma, reclamará justiça e nossa alma se encharcará de solidão, mesmo rodeada de uma multidão de pessoas.


Fonte: Mergulho no ser; Soraya Cavalcanti

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