A ninguém mais conheçamos do ponto de vista humano

"Por isso, daqui em diante, não vamos mais usar regras humanas quando julgarmos alguém. E, se antes de nos termos tornado cristãos julgamos Cristo de acordo com regras humanas, agora não fazemos mais isso" (2 Coríntios 5:16 NTLH).

Para o bem-viver emocional devemos aperfeiçoar nossa capacidade de convivência com nosso semelhante. Ao falar sobre a capacidade de nossos semelhantes em nos aborrecer estamos falando das frustrações, mágoas e irritabilidade que nossos semelhantes podem produzir em nós. Conforme veremos adiante, de antemão podemos dizer que nossas frustrações, mágoas e irritabilidade, são proporcionais àquilo que esperamos dos outros; quanto mais esperamos, mais sofremos.

Conhecer nosso próximo só é possível na medida em que conhecemos nós mesmos, por analogia. Uma das maiores dificuldades de convivência entre as pessoas se baseia no fato do ser humano se apresentar um ser social por natureza e, simultaneamente, um ser egocêntrico. Por sermos sociais, somos incapazes de viver sozinhos no mundo e, por sermos egocêntricos, somos incapazes de conceder aos nossos semelhantes as mesmas regalias que nos concedemos. Portanto, sozinhos não conseguimos viver e, paradoxalmente, com o outro também é difícil.

O filme "Somos todos diferentes" é a história de um menino chamado Ishaan Awasthi que vive na Índia. O filme é muito interessante e comovente. Ishaan tem nove anos e é perspicaz, com um enorme potencial artístico, no entanto, enfrenta grandes dificuldades na escola como não conseguir ler fluentemente seu próprio idioma; trocar as letras como, por exemplo o T pelo D; escrever espelhado; não relacionar o grafema com o fonema e assim, não criar símbolos; embaralhar-se na hora da leitura; dificuldades em seguir múltiplas ordens; falta de concentração motora, entre outras coisas. Tais dificuldades estão relacionadas à dislexia que possui, mas nem o pai, nem a escola analisam corretamente seu problema, pois estão sempre olhando apenas para seus sintomas, achando que Ishaan é indisciplinado, sem pensar no porquê de todas as suas atitudes.

Os principais desafios vivenciados por Ishaan, no caso, é ser aceito por sua sociedade. Famílias, escolas, igrejas, todos se baseiam em gratificação por resultados esperados, notas, em passar de ano, em estar preparado para competir, vencer, em obedecer um padrão.

Essa prática, perspectiva, esse olhar preconceituoso já domina, inclusive, nossas igrejas; e essa realidade é antiga, pois o Senhor Jesus trabalha essa questão e ensina seus discípulos a não fazerem acepção de pessoas. Quem detém o poder impõe modos e costumes, comportamentos e linguagens que conservam seu domínio. Assim, todo aquele que agir ou reagir diferente é excluído de seu meio social; é tratado como um doente, um deficiente merecedor de pena, um "leproso", e recebe despreso e rejeição, ou quando muito, algum favor.

Noto que criamos relacionamentos através de pré-conceitos, ou seja, já temos um modelo, um juízo de valor do que queremos encontrar no outro, e a intimidade vai revelando nossas diferenças, o que nos escandaliza muitas vezes. Assim, como educadores e cristãos precisamos criar meios para quebrar paradigmas e possibilitar um olhar diferente, não egocêntrico, mas fraterno.

A falta de um olhar fraterno dos pais, professores e líderes cristãos é chocante! O diálogo deles é discriminador. A sorte de Ishaan muda graças a um professor substituto que consegue resgatá-lo de sua depressão e mudar o olhar dos professores do colégio. 

Assim como o professor, o Senhor Jesus ensina-nos a não priorizarmos interesses pessoais mais os da comunidade; ter o foco no bem-estar social. Ensinou-nos também a deixarmos as 99 ovelhas e irmos atrás da perdida; daquela que perdeu-se por culpa e responsabilidade de falsos mestres que buscam seus próprios interesses.


Vale a pena ver o filme, e está disponível no youtube em :

http://www.youtube.com/watch?v=fiftCor2cXM

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