Um Mundo sem graça e um Pai cego de amor
A graça é o melhor presente do cristianismo ao mundo. Ela é uma boa nova espiritual no nosso meio exercendo uma força maior do que a vingança, mais forte do que o racismo, mais forte do que o ódio.
Nós vivemos em uma atmosfera sufocada pela fumaça da não-graça. A graça vem de fora, como um dom, e não como uma realização. Com que facilidade ela se desvanece em nosso mundo ferozmente competitivo, que mira só a sobrevivência dos mais aptos, de quem é o melhor.
A fé religiosa - com todos os seus problemas, apesar de sua enlouquecedora tendência para copiar a não-graça - sobrevive porque sentimos a beleza luminosa do dom imerecido que vem em momentos inesperados de fora.
O pai cego de amor
Tenho meditado bastante a respeito das histórias da graça contadas por Jesus para deixar seu significado filtrar-se. Ainda assim, cada vez que me confronto com as suas mensagens surpreendentes, percebo como o véu da desgraça obscurece minha visão de Deus. Uma dona de casa saltando de alegria pela descoberta de uma moeda perdida não é o que vem naturalemente à mente quando penso em Deus. Mas essa é a imagem na qual Jesus insistia.
A história do Filho Pródigo, aparece numa série de três histórias - a ovelha perdida, a moeda perdida, o filho perdido - , todas destacando o mesmo ponto. Cada uma delas destaca o sentimento de perda, fala da alegria da redescoberta e termina como uma cena de júbilo. Jesus diz realmente: "Você quer saber como é ser Deus? Quando um desses seres humanos me dá atenção é como se eu estivesse acabado de encontrar minha propriedade mais valiosa, que eu considerava perdida para sempre". Para o próprio Deus é como se fosse a descoberta de toda uma vida.
É estranho, mas a redescoberta pode tocar-nos mais profundamente do que a descoberta. Perder e depois achar uma caneta Mont Blanc torna o proprietário mais feliz do que no dia em que a adquiriu. Essa experiência me dá uma idéia de como um pai deve sentir-se quando recebe um telefonema do FBI contando que a filha sequestrada há seis meses fora finalmente localizada, viva. Ou de uma esposa ao receber a visita do porta-voz do Exército desculpando-se pelo engano: seu marido não estava a bordo do helicóptero que caiu. Essas imagens dão um mero vislumbre de como deve sentir-se o Criador do Universo quando recebe de volta um outro membro de sua família. Nas palavras de Jesus: "Assim vos digo que há mais alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende".
A graça é chocantemente pessoal. Como Henri Nouwen destaca: "Deus se regozija. Não porque os problemas do mundo foram resolvidos, não porque todo o sofrimento e dor da humanidade acabou, não porque milhares de pessoas se converteram e estão agora louvondo-o por sua bondade. Não, Deus se rogozija porque um dos seus filhos que estava perdido foi achado".
Jesus não nos contou as parábolas para nos ensinar a viver. Creio que Ele a contou para corrigir nossa noção a respeito de quem Deus é e a quem Deus ama. A graça não depende do que fazemos por Deus, mas, antes, do que Deus fez por nós.
Pergunte às pessoas o que elas devem fazer para ir para o céu e a maioria vai responder: "Ser bom". As histórias de Jesus contradizem essa resposta. Tudo o que devemos fazer é clamar: "Socorro!".
Como Soren Kierkegaard disse:
Quando se trata de um pecador Ele não fica simplesmente parado, com os braços abertos e dizendo: "Venha cá". Não. Ele fica ali e espera, como o pai do filho perdido esperou; ou melhor, ele não fica parado esperando: sai procurando, como o pastor procurou a ovelha perdida, como a mulher procurou a moeda perdida. Ele vai - não, Ele foi - infinitamente mais longe do que qualquer pastor ou qualquer mulher. Ele seguiu calmamente o longo e infinito caminho de ser Deus para se tornar homem e, desse modo, foi procurar os pecadores.
As parábolas foram o modelo de vida de Jesus na terra. Ele fez uma descrição do Pai que espera, sofredor, insultado, mas desejando mais do que tudo perdoar e começar tudo de novo, para anunciar alegremente: "Este meu filho estava morto, mas reviveu; estava perdido, e foi achado".
O Réquiem, de Mozart, contém uma frase maravilhosa que se transformou em minha oração, uma prece que faço com confiança cada vez maior: "Lembre-se, Jesus misericordioso, de que eu sou o motivo da sua viagem". Creio que Ele se lembra.
Fonte:
Maravilhosa Graça, livro
Philip Yancey
Nós vivemos em uma atmosfera sufocada pela fumaça da não-graça. A graça vem de fora, como um dom, e não como uma realização. Com que facilidade ela se desvanece em nosso mundo ferozmente competitivo, que mira só a sobrevivência dos mais aptos, de quem é o melhor.
A fé religiosa - com todos os seus problemas, apesar de sua enlouquecedora tendência para copiar a não-graça - sobrevive porque sentimos a beleza luminosa do dom imerecido que vem em momentos inesperados de fora.
O pai cego de amor
Tenho meditado bastante a respeito das histórias da graça contadas por Jesus para deixar seu significado filtrar-se. Ainda assim, cada vez que me confronto com as suas mensagens surpreendentes, percebo como o véu da desgraça obscurece minha visão de Deus. Uma dona de casa saltando de alegria pela descoberta de uma moeda perdida não é o que vem naturalemente à mente quando penso em Deus. Mas essa é a imagem na qual Jesus insistia.
A história do Filho Pródigo, aparece numa série de três histórias - a ovelha perdida, a moeda perdida, o filho perdido - , todas destacando o mesmo ponto. Cada uma delas destaca o sentimento de perda, fala da alegria da redescoberta e termina como uma cena de júbilo. Jesus diz realmente: "Você quer saber como é ser Deus? Quando um desses seres humanos me dá atenção é como se eu estivesse acabado de encontrar minha propriedade mais valiosa, que eu considerava perdida para sempre". Para o próprio Deus é como se fosse a descoberta de toda uma vida.
É estranho, mas a redescoberta pode tocar-nos mais profundamente do que a descoberta. Perder e depois achar uma caneta Mont Blanc torna o proprietário mais feliz do que no dia em que a adquiriu. Essa experiência me dá uma idéia de como um pai deve sentir-se quando recebe um telefonema do FBI contando que a filha sequestrada há seis meses fora finalmente localizada, viva. Ou de uma esposa ao receber a visita do porta-voz do Exército desculpando-se pelo engano: seu marido não estava a bordo do helicóptero que caiu. Essas imagens dão um mero vislumbre de como deve sentir-se o Criador do Universo quando recebe de volta um outro membro de sua família. Nas palavras de Jesus: "Assim vos digo que há mais alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende".
A graça é chocantemente pessoal. Como Henri Nouwen destaca: "Deus se regozija. Não porque os problemas do mundo foram resolvidos, não porque todo o sofrimento e dor da humanidade acabou, não porque milhares de pessoas se converteram e estão agora louvondo-o por sua bondade. Não, Deus se rogozija porque um dos seus filhos que estava perdido foi achado".
Jesus não nos contou as parábolas para nos ensinar a viver. Creio que Ele a contou para corrigir nossa noção a respeito de quem Deus é e a quem Deus ama. A graça não depende do que fazemos por Deus, mas, antes, do que Deus fez por nós.
Pergunte às pessoas o que elas devem fazer para ir para o céu e a maioria vai responder: "Ser bom". As histórias de Jesus contradizem essa resposta. Tudo o que devemos fazer é clamar: "Socorro!".
Como Soren Kierkegaard disse:
Quando se trata de um pecador Ele não fica simplesmente parado, com os braços abertos e dizendo: "Venha cá". Não. Ele fica ali e espera, como o pai do filho perdido esperou; ou melhor, ele não fica parado esperando: sai procurando, como o pastor procurou a ovelha perdida, como a mulher procurou a moeda perdida. Ele vai - não, Ele foi - infinitamente mais longe do que qualquer pastor ou qualquer mulher. Ele seguiu calmamente o longo e infinito caminho de ser Deus para se tornar homem e, desse modo, foi procurar os pecadores.
As parábolas foram o modelo de vida de Jesus na terra. Ele fez uma descrição do Pai que espera, sofredor, insultado, mas desejando mais do que tudo perdoar e começar tudo de novo, para anunciar alegremente: "Este meu filho estava morto, mas reviveu; estava perdido, e foi achado".
O Réquiem, de Mozart, contém uma frase maravilhosa que se transformou em minha oração, uma prece que faço com confiança cada vez maior: "Lembre-se, Jesus misericordioso, de que eu sou o motivo da sua viagem". Creio que Ele se lembra.
Fonte:
Maravilhosa Graça, livro
Philip Yancey
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