A verdadeira espiritualidade - Estar ao lado do irmão

"Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos! É como o azeite perfumado sobre a cabeça de Arão, que desce pelas suas barbas e pela gola do seu manto sacerdotal. É como o orvalho do monte Hermom, que cai sobre os montes de Sião. Pois é em Sião que o Senhor Deus dá a sua bênção, a vida para sempre". 
(Salmos 133:1-3 NTLH)

A espiritualidade se manifesta na relação com as pessoas que estão em volta. Como espiritualidade tem a ver com comunhão? Ela não é só vertical, é também horizontal. O apóstolo João revela: Quem não ama seu irmão, não pode amar a Deus.

O que aprendemos com o Salmo 133?
Esse salmo lida com a falta de unidade no povo de Israel. As diversidades, peculiaridades, costumes, entre as várias tribos era um desafio para manter a unidade da nação de Israel nos tempos do rei Davi. O monte Hermon fica no norte da nação e o monte Sião, ao sul, em Jerusalém. É importante considerar que a unidade ocorreu a partir do rei que veio do sul (Davi). O texto trata da questão de união, unidade e comunhão.

O que vemos nesta nação? A realidade da diversidade interna, as diferentes tribos, a disputa por espaço, é um retrato da nossa vida. Qual é a grande decepção de muitos cristãos na sua jornada de espiritualidade cristã? É descobrir que mesmo na igreja, no ambiente das relações humanas, os mesmos problemas do mundo estão presentes na realidade da igreja: cada pessoa quer construir o seu reino, cada um quer ser dono do seu feudo, cada um domina o seu próprio espaço. 

Existe uma espiritualidade defeituosa, exageradamente mística, individualista, separatista, e quando estas pessoas estão juntas, geralmente nós vemos a ruptura, o distanciamento, a divisão, a disputa de poder, posição, dentro da Igreja. Todo tipo de dificuldade de relacionamento provocam divisão.

Este é um desafio diante de nós em busca da verdadeira espiritualidade. 

Como Deus vê abandono de nossa prioridade pessoal em favor da comunidade?
"Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos!"
"É como o azeite perfumado sobre a cabeça de Arão, que desce pelas suas barbas e pela gola do seu manto sacerdotal. É como o orvalho do monte Hermom, que cai sobre os montes de Sião." 

Arão é simplesmente o Sumo-Sacerdote, e com oléo sagrado demonstra a importância de aproximar o Homem de Deus. O que isto diz para nós? Perdoar, viver junto com outra pessoa, saber lidar com os erros dos outros, estar disposto a aparar as arestas, vencer certas dificuldades relacionais, é tão importante quanto função sacerdotal. 

Aquilo que era a expressão de mais sagrado de maneira concreta, perante o povo, que era o sumo-sacerdote, que entra no Templo no dia do Perdão, uma vez por ano, para pedir perdão pelos pecados do povo, isto é a figura da relação adequada que deve existir entre uma pessoa e outra. Por isso que a gente deve pensar sobre nossa espiritualidade. 

Se começar a distanciar-se do outro, tendo uma atitude descriminatória, como se estivesse numa posição superior, esta espiritualidade tem de ser colocada em cheque! 

O texto vai adiante e diz que, além de ser como esta figura sacerdotal, mostra que esse viver, estar sentado ao lado um do outro, são "orvalho do Hermon que cai sobre os montes de Sião. Pois é em Sião que o Senhor Deus dá a sua bênção, a vida para sempre". Aqui tem uma coisa tão bonita, especial; é perceber que o povo do Norte, Israel, e do Sul, Judá, nunca se entenderam direito. A preponderância entre Manassés e Efraim, em contraposição a Judá que pertencia ao sul enquanto Efraim e Manassés eram do norte sempre foi uma coisa difícil e está por trás da história de divisão entre Israel e Judá. 

Quando a gente lê o texto, descobre que o salmista usa a figura tão bonita que surge da geografia de Israel e vai dizer o seguinte: lá no extremo norte, lá naquelas tribos que não tem nada a ver com Judá, lá está o monte Hermon; as suas neves derretem e formam aqueles ribeiros de água tão bonitos e fortes que alimentam o rio Jordão e eles é que vão levar água e vida lá pro sul, eles vão para os montes de Sião, que é referência a cidade de Jerusalém onde Deus concede a benção da vida para sempre. Ou seja, o sul, lá onde está Jerusalém, é uma região desértica, recebe vida das águas do norte. A geografia que Deus estabelece na Terra, mostra que a unidade é fundamental, que as águas que vêm de uma região e descem para o sul trazem vida ali, ou seja, a grande lição de espiritualidade que os Salmo 133 traz para nós é que a comunhão com meu irmão é algo sagrado, tanto quanto a oração e jejum dedicado perante Deus e que aquele irmão que me parece ser um problema sem fim, perante Deus pode ser uma fonte de vida para mim como as águas trazem vida para uma região seca e desértica.

O Salmo 133 nos convida a um exercício de verdadeira espiritualidade, por isso é importante que o nosso coração seja alcançado pelo perdão, na busca de restauração e comunhão porque quão bom e agradável que os irmãos sentem juntos, um ao lado do outro e convivam em união.


Fonte: RTM, Luiz Sayão, link: http://rtm.radio.br/podcast/verdadeira_espiritualidade/verdadeira_espiritualidade_0050.mp3


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